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    Empresa contratada para treinar PMs brasileiros é acusada de matar civis no Iraque

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    DE SÃO PAULO

    21/04/2014 03h30

    A Blackwater, atualmente chamada de Academi, é uma das empresas mais controversas dos Estados Unidos. Faturou bilhões de dólares fornecendo serviços de segurança para o Departamento de Defesa, diplomatas do Departamento de Estado e, de forma secreta, para a CIA, nas guerras do Iraque e Afeganistão e em outros locais de alto risco.

    Entidades de direitos humanos criticavam duramente a Blackwater e outras empresas contratadas pelo governo dos EUA, dizendo que não havia mais uma linha divisória entre as forças armadas americanas e esses soldados terceirizados.

    Fundada em 1997 por Erik Prince, herdeiro de um império de autopeças e ex-Navy Seal (tropa de elite da Marinha americana), a empresa começou treinando "seals", mas, após os atentados de 11 de setembro, passou a prestar serviços de segurança para o governo dos EUA.

    A Blackwater também chegou a treinar policiais gregos para a Olimpíada de 2004, grupos táticos navais do Azerbaijão e funcionários do Ministério do Interior do Afeganistão.

    A grande mancha na reputação da empresa veio com o massacre na praça Nisour, em 2007, no Iraque. Ex-funcionários da Blackwater são acusados de matar 17 civis e ferir dezenas na praça, com metralhadoras e granadas.

    A empresa alega que seus funcionários estavam envolvidos em uma troca de tiros, mas testemunhas questionam essa versão.

    Em 2009, após o escândalo do Iraque, a Blackwater mudou seu nome para Xe, na tentativa de melhorar sua imagem. Em 2010, Prince vendeu a empresa, que mudou novamente de nome em 2011, para Academi, ainda na tentativa de melhorar sua reputação. Prince não faz mais parte da empresa.

    Em agosto de 2012, a Academi pagou uma multa de US$ 7,5 milhões em um acordo para retirada de acusações de "posse de armas automáticas nos EUA sem registro, mentir a agentes federais sobre armas fornecidas ao rei da Jordânia", entre outros.

    NEGÓCIOS

    Atualmente, a empresa faz segurança para diplomatas americanos no Iraque, Afeganistão, Bósnia e Israel e mantém uma base no Afeganistão onde presta serviços para as tropas americanas e de outros países aliados.

    Também treina militares americanos e de diversos países no centro de Moyock, onde os policiais militares brasileiros estiveram.

    Lá, há um lago artificial e contêineres simulando navios para treinar reações a ataques pelo mar e rios.

    O jornalista Jeremy Scahill, parceiro de Glenn Greenwald –que revelou o esquema de espionagem do governo americano por meio da Agência de Segurança Nacional–, escreveu um livro de denúncia contra a empresa: "Blackwater: The Rise of the World's Most Powerful Mercenary Army" (a ascensão da tropa mercenária mais poderosa do mundo, em tradução livre).

    Procurada pela reportagem da Folha, a Academi não retornou as ligações.

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