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    Rio de Janeiro

    Turistas franceses chegam a favela em Copacabana em meio a confronto

    ADRIANO BARCELOS
    DO RIO

    22/04/2014 23h47

    Em meio ao cenário caótico na favela do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul do Rio, um grupo de turistas franceses chegou para se hospedar em um albergue na comunidade na noite desta terça-feira (22).

    Formado principalmente por mulheres, especialmente jovens de menos de 30 anos, o grupo de turistas se mostrava assustado e sem entender nada do que se passava -não tinham ideia do que provocara o cenário de praça de guerra, com policiais de grupos especiais armados, bombeiros e fumaça.

    Horas antes, um protesto levou ao conflito entre moradores e policiais pela morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, 25, conhecido como DG. Ele trabalhava no programa "Esquenta", da TV Globo, e foi encontrado morto em um escola da região.

    Por volta de 22h, os franceses subiram a rua Saint Roman, que dá acesso à favela por dentro de Copacabana, puxando suas malas de rodinhas. Na chegada, uma equipe de televisão da Grã-Bretanha e jornalistas brasileiros tentaram entrevistar o grupo, sem sucesso. Muitos não queriam falar, outros disseram não dominar o inglês -ou o português.

    Uma das jovens confirmou que o grupo vinha para um período de férias, e que a visita não tinha relação com a Copa do Mundo. Ela disse que eles não faziam ideia do porquê da confusão, mas acreditavam que a chegada entre fumaça, manifestantes e armamento pesado não arruinaria o período no Rio.

    A noite desta terça-feira, contudo, foi marcante para outros estrangeiros. Um exemplo é a argentina Antonella Roggio, 23, que vive no Rio há um mês. Vinda de Córdoba para tentar a vida na cidade que a seduziu em férias passadas, se assustou com os preços elevados dos aluguéis da zona sul.

    A alternativa para ficar perto do mar e fazer o novo cotidiano parecer um pouco mais com a realidade que vira nos dias do descanso, mudou-se para a subida da rua Saint Romain. Mas, a noite desta terça teve a primeira mostra de uma diferente realidade do local em que se estabeleceu.

    "Teve bombas de gás lacrimogêneo, tiros, todo mundo saiu correndo ladeira abaixo. Tem isso, mas é o lugar que consegui", ri Antonella, brincando que os pais, na Argentina, vão ver sua imagem na confusão e certamente vão insistir para que ela volte para Córdoba.

    "Esta semana começo a trabalhar num restaurante rodízio", indicando que o pedido dos pais deverá ser ignorado.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Protestos em 10 cidades
    Protestos em 10 cidades

    PROTESTO

    A morte de um dançarino de 25 anos provocou uma série de confrontos entre a polícia e moradores das comunidades Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, na zona sul do Rio. Um grupo de PMs chegou a ficar cercado por manifestantes no alto do morro, e um homem morreu atingido por um tiro na cabeça.

    No início da noite, os manifestantes bloquearam ruas no entorno da comunidade e estações do metrô da região foram fechadas. A polícia diz acreditar que a ação tenha sido orquestrada por traficantes do Comando Vermelho.

    Um carro foi incendiado em um dos acessos ao Pavão-Pavãozinho. Helicópteros da polícia foram deslocados para o local e pessoas que passaram por ruas próximas ouviram sons de tiros e bombas.

    As comunidades do Pavão-Pavãozinho/Cantagalo têm uma UPP desde 2009. A partir de setembro do ano passado, criminosos passaram a impedir o patrulhamento de policiais militares em diferentes pontos da favela.

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