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    Estado de SP critica governo do Acre por enviar haitianos

    EDUARDO GERAQUE
    MOACYR LOPES JUNIOR
    DE SÃO PAULO

    24/04/2014 03h45

    A secretária de Justiça do Estado de São Paulo, Eloisa Arruda, chamou de "irresponsável" a conduta do governo do Acre ao facilitar a vinda de 400 haitianos para São Paulo nos últimos 15 dias.

    O governo Geraldo Alckmin (PSDB) reclama que não houve comunicação entre as autoridades acreanas -o Estado é governado por Tião Viana (PT)- e paulistas.

    "Quero demonstrar a minha preocupação e indignação", afirmou ontem Eloisa Arruda à Folha.

    Para ela, existe um risco real dos imigrantes do Haiti serem aliciados para trabalho escravo ou até mesmo pelo tráfico de drogas.

    A reportagem esteve ontem na paroquia Nossa Senhora da Paz, no bairro do Glicério, região central da capital, e presenciou a situação precária dos haitianos.

    Eles passam o dia vagando pelo entorno da igreja. A comida só chega por doações.

    Como muitos não têm documentação e endereço fixo na cidade, fica praticamente impossível arrumar um emprego formal.

    Haitianos que estão há mais tempo em São Paulo tentam auxiliar os compatriotas recém-chegados a encontrarem emprego e estadia.

    O fenômeno não é novo. Por causa dos sérios problemas sociais do Haiti, há pelo menos três anos, a onda migratória daquele país em direção ao Brasil é grande.

    O secretário do Acre Nilson Mourão, também da pasta de Justiça e Direitos Humanos, afirma "que não entende a postura do governo paulista".

    ENTRADA

    Segundo ele, há três e anos e meio, mais de 20 mil haitianos chegaram ao Acre.

    "Eles não ficam aqui. É apenas uma porta de entrada. A maioria segue viagem rumo ao sul do país", afirmou Mourão ontem à Folha.

    "Esse processo não tem nada de novo", acrescentou.

    O secretário afirma que, nos últimos 15 dias, após o fechamento de um abrigo para haitianos na cidade de Brasiléia, perto da Bolívia e do Peru, o governo do Acre ficou obrigado a acelerar a ida dos imigrantes para os seus destinos finais no Brasil.

    "Nós chegamos no limite. A cidade de Brasiléia, de 10 mil habitantes, está com 20% da sua população formada por imigrantes".

    Para Mourão, o Estado de São Paulo, "o mais rico da federação", tem totais condições de abrigar os 400 haitianos que acabaram de chegar.

    Segundo o governo paulista, o Ministério Público do Trabalho foi acionado e está cadastrando os haitianos que desembarcaram na capital nos últimos dias.

    "Existe apenas 100 na Missão Paz. Não sabemos onde está o resto", disse Eloisa.

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