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    Força-tarefa deve agilizar entrega de documentos a haitianos em SP

    FELIPE SOUZA
    DE SÃO PAULO

    24/04/2014 18h37

    O Ministério do Trabalho deve fazer amanhã uma força-tarefa para agilizar os pedidos e entregas de carteiras de trabalho a imigrantes haitianos que têm chegado a São Paulo nas últimos semanas. A expectativa é que ao menos 45 estrangeiros já recebam o documento nesta sexta-feira (25).

    A reportagem esteve na tarde de hoje na paróquia Nossa Senhora da Paz, no bairro do Glicério, região central da capital, e presenciou a situação precária dos haitianos. Cerca de 200 deles estão abrigados no local, onde dormem no chão, improvisando colchões com cobertas e outros pertences.

    O superintendente do Ministério do Trabalho, Luiz Antônio Medeiros, afirmou que espera resolver o problema de falta de carteira de trabalho até a próxima segunda-feira –sem a força-tarefa, a espera por esse documento pode chegar a três meses, segundo ele.

    "Estamos aqui para prevenir e combater o trabalho precário. Se não há carteira de trabalho, não há emprego regularizado", afirmou Medeiros, que apontou ainda que entre as empresas interessadas na mão de obra haitiana há principalmente frigoríficos e empreiteiras.

    Medeiros também afirmou que o ministério está investigando casos de aliciamento de haitianos para trabalhos precários. Segundo ele, já foram identificados alguns casos e há a suspeita de que esse tenha sido o destino de um ônibus de haitianos que partiu de São Paulo ontem em direção a região Sul.

    ACRE

    Grande quantidade de haitianos têm vindo do Acre. A secretária de Justiça do Estado de São Paulo, Eloisa Arruda, já havia chamado de "irresponsável" a conduta do governo do Acre ao facilitar a vinda de 400 haitianos para São Paulo nos últimos 15 dias.

    Para ela, existe um risco real dos imigrantes do Haiti serem aliciados para trabalho escravo ou até mesmo pelo tráfico de drogas. "Quero demonstrar a minha preocupação e indignação", afirmou ontem à Folha.

    O governador do Acre, Tião Viana (PT), recorreu a redes sociais na tarde de hoje para rebater as críticas e atacou a "elite paulista" como "preconceituosa". "Como é que a elite paulista quer obrigar o povo do Acre a prender imigrantes haitianos em nosso território, preconceito racial? Higienização?", escreveu.

    Desde o terremoto que devastou o Haiti em 2010, sobreviventes da tragédia começaram a migrar para o Brasil.

    Depois de passar pela América Central, o primeiro ponto de chegada no Brasil tem sido o Acre. O acúmulo de imigrantes motivou a formação de um grande acampamento, em Brasileia. A partir deste local de apoio, os refugiados ganham documentação e se espalham pelo país em busca de emprego.

    Com a lotação do abrigo público em Brasileia, o governo do Acre decidiu propor ao Ministério da Justiça o fechamento temporário da fronteira com o Peru, a fim de impedir o ingresso de novos refugiados do Haiti no Estado.

    O acampamento, que é capaz de receber 300 pessoas por vez, está atualmente com 1.200 abrigados.

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