No final da década de 40, Izrail Cat treinava escondido da mãe nas equipes de base do São Paulo Futebol Clube.
Tudo ia bem, até que dona Sosea descobriu a molecagem do filho e invadiu o gramado num treino da equipe com uma vassoura em mãos, pronta para fazer o filho desistir do sonho de tornar-se jogador de futebol.
Com vergonha, Izrail nunca mais retornou ao clube e prestou vestibular para medicina na Universidade do Brasil, atual UFRJ.
Izrail nasceu na Romênia e veio ao Brasil com a família judia, na década de 1920. Formou-se em medicina em 1951 e logo começou a clinicar no interior paulista, onde conheceu a mulher, Shirley Bastos.
Anos mais tarde, mudou-se para Curitiba. A cidade viria a ser sua residência até o fim da vida. Especializado em pediatria, em 1961 foi um dos fundadores do Hospital das Clínicas da UFPR, da qual tornou-se professor.
Dentro da faculdade, era conhecido pelo rigor e exigência com seus residentes.
Durante as noites de plantão, circulava pelos corredores do hospital para flagrar médicos que cochilavam.
Com mais de 80 anos, mesmo aposentado, acordava cedo para ser o primeiro a chegar no departamento de pediatria. Assim que saía do trabalho, colocava um short e ia jogar tênis.
A opção por esse esporte foi compulsória, já que nos seus 70 anos, uma torção no joelho o afastou mais uma vez das frequentes peladas.
Morreu no último dia 22, aos 91 anos, de complicações de uma cirurgia cardíaca. Deixa a viúva, quatro filhos e quatro netos.
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