• Cotidiano

    Saturday, 18-May-2024 08:42:33 -03

    Motorista pega trânsito para não passar por favela em SP

    JAIRO MARQUES
    DE SÃO PAULO

    25/04/2014 12h11

    Inaugurada parcialmente há cerca de um ano e meio, a avenida Hebe Camargo, na zona sul, criada para desafogar o trânsito da avenida Giovanni Gronchi, no Morumbi, área nobre de São Paulo, é quase uma via fantasma, com pouco movimento, mesmo em horários de pico.

    Moradores da região apontam insegurança, falta de informação e a não conclusão da avenida, que chegará até o estádio do Morumbi, para não utilizar a larga avenida, com trechos de até três pistas, que corta uma área de Paraisópolis, uma das maiores favelas da cidade.

    Na porção que passa em frente das casas da comunidade, a via é tomada por crianças brincando, ambulantes, carros estacionados nos dois lados e pedestres, o que obriga os motoristas a andarem lentamente.

    Adriano Vizoni - 1º.abr.2014/Folhapress
    Avenida Hebe Camargo, no bairro do Morumbi, durante o horário de pico fica praticamente vazia
    Avenida Hebe Camargo, no bairro do Morumbi, durante o horário de pico fica praticamente vazia

    "Ainda não me sinto segura dirigindo por ali. Na Giovanni, onde passam muito mais carros, há comércio e vários prédios, existe problema com assalto, imagina em uma avenida mais deserta?", diz a funcionária pública Mariana Dias, que mora no Panambi.

    No horário de rush da tarde, o motorista que usa a Giovanni Gronchi, no sentido da ponte João Dias, na zona sul, costuma gastar até meia hora para vencer o trecho.

    Os 2 km da Hebe Camargo, via paralela, que pode ser acessada atualmente a partir da avenida Morumbi e ruas adjacentes levando até o Panambi, próximo à mesma ponte, podem ser vencidos em menos de cinco minutos.

    Vice-presidente da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis, Joildo Santos, afirma que, sem ação social dentro da comunidade não se resolverá nem a questão da segurança nem a tomada da via por moradores.

    "O Estado tem que estar mais presente na comunidade, que não tem área de lazer, não tem creches, o que faz as crianças irem para a rua. A insegurança também se resolve com investimento real. Mas a criminalidade não pode ser atribuída só por causa de Paraisópolis", diz Santos.

    Para o líder comunitário, os moradores da comunidade têm usado a avenida normalmente. "Já quem mora no Morumbi, eu não sei dizer."

    Membro do Conselho de Segurança do Morumbi, Celso Cavallini avalia que quando a avenida estiver totalmente pronta, com sinalização e informação aos moradores, ela será mais bem utilizada.

    "Hoje ainda há uma certa confusão para usar a avenida e desviar do trânsito. Não posso negar que haja uma preocupação com a segurança de quem passa perto de Paraisópolis, mas penso que quando a obra for concluída, os motoristas irão se sentir mais confortáveis em usar", declara Cavallini.

    A prefeitura informou que ainda não há prazo para a conclusão do trecho final da avenida, menos de 1 km, que facilitará o acesso de veículos.

    "A continuidade da via está atrelada à reconfiguração geométrica do projeto, já que existe um traçado de obras do Metrô para região, que não estavam previstas na época da execução do projeto da avenida", afirma a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024