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    'Palavrão não deixo cantar', diz pai de MC de 12 anos

    LEANDRO MACHADO
    DE SÃO PAULO

    27/04/2014 02h00

    "Meu filho falou: 'quero cantar'. Eu nem gostava de funk, mas era o desejo dele e eu ajudei", conta o empresário Genoíno Monteiro, 36, pai do MC Matheus Monteiro, 12.

    As trajetórias dos MCs mirins de São Paulo são parecidas. São meninos que cresceram em bairros da periferia ouvindo cantores mais famosos e indo a bailes funk-em um deles, no último dia 5, Lucas Lima, 18, um dos organizadores dos "rolezinhos", morreu após uma briga.

    Matheus, que mora no Jardim Imperador, na zona leste, e está na sétima série, tem quatro músicas gravadas. Já fez shows na capital e no interior do Estado.

    No último dia 19, ele se apresentou para 3.000 pessoas em uma casa de shows em Sorocaba (a 98 km de SP). O cachê foi de R$ 1.900, e o ingresso custou R$ 15.

    Sua linha é mais a ostentação, vertente do funk surgida em São Paulo e que ficou famosa por letras que citam carrões, joias e mansões.

    "Ele gosta de cantar sobre carros e relógios, mas não deixo cantar palavrão", diz Monteiro, pai de Matheus, que ajuda nas composições e está finalizando o primeiro videoclipe do filho.

    MAIS POP

    Sem palavrão ou referência a sexo, mais um tempero meloso de romance adolescente. Essa é fórmula que levou o MC Gui, 15, ao sucesso. Antes, ele já havia cantado músicas mais "quentes."

    O cantor tem mais de dois milhões de seguidores na redes sociais. Toca na televisão e canta por todo o Brasil. Sua agenda está lotada.

    A Folha tentou conversar com ele semana passada, mas o MC estava de luto por conta da morte de seu irmão Gustavo Castanheira, 17, também cantor, vítima de uma parada cardíaca na segunda-feira.

    Esse "funk-pop-romântico" é o mote da carreira musical de Lucas Santos, 13, ex-ator da novela Carrossel.

    "A música do Lucas tem que ser romântica, pop, mostrar ele levando um fora da namoradinha e sem erro de português", diz Patricia Severo, 39, mãe do cantor.

    Lucas é amado por suas fãs. "Elas não se contentam em só me abraçar", diz ele. Com o dinheiro que ganha, Lucas já comprou dois apartamentos.

    QUERMESSE

    Para o MC Pedrinho, 11, tudo começou em uma quermesse na Vila Maria, na zona norte de São Paulo. Tinha oito anos na época e escutava funk todo dia. É o som que mais toca no seu bairro, diz.

    "Pedi para cantar na quermesse e aceitaram. Mas disseram que eu não podia ter uma carreira ainda porque era muito novinho", conta.

    Insistiu até conseguir gravar uma música, neste ano. Foi ouvido por empresários e depois registrou o hit "Dom Dom Dom".

    O MC e sua agência não quiseram revelar de quem é autoria de suas músicas "pesadonas". Seu estilo, dizem, agora vai ser outro. Vão apostar em músicas mais pops.

    Esperançoso, Pedrinho quer viver de música. "Vou cantar pra sempre. Quero incentivar novos MCs, assim como os músicos que eu gosto me incentivaram."

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