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    Pinheiros é o distrito com mais queixas por barulho em SP

    ARTUR RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    29/04/2014 02h00

    Uma de cada dez ligações feitas ao Psiu -Programa de Silêncio Urbano da prefeitura- parte da região de Pinheiros, na zona oeste.

    Algumas dessas queixas levaram ao fechamento administrativo, no dia 18, do tradicional bar Mercearia São Pedro, na Vila Madalena, dentro da área da Subprefeitura de Pinheiros. O local, porém, conseguiu na Justiça o direito de continuar aberto.

    A discussão sobre o tema ganhou força ontem na Câmara, na primeira Conferência sobre Ruído, Vibração e Perturbação Sonora.

    Um levantamento divulgado pelo engenheiro Flávio Gagliardi, do Psiu, aponta que foram recebidos 30.176 chamados no ano passado -mais de 80 por dia.

    Depois de Pinheiros, as subprefeituras que têm mais reclamações foram as da Sé, Vila Mariana e Ipiranga.

    "Do total, 59% são reclamações sobre bares", diz Gagliardi. Igrejas são responsáveis por 11% e obras, 9%.

    Rodrigo Marcondes - 26.mar.2009/Folhapress
    Bar Mercearia São Pedro, que teve ordem para fechar por conta do barulho; local permanece aberto graças a decisão judicial
    Mercearia teve ordem para fechar por conta do barulho, mas permanece aberto graças a decisão judicial

    Ao todo, 800 estabelecimentos foram autuados -só 2% do total de chamados.

    Gagliardi justifica esse índice por questões que vão da imprecisão das denúncias ao ruído de fundo alto (quando o volume do som da rua é mais alto do que o da frente de um bar, por exemplo).

    Organizador do evento na Câmara, o vereador Andrea Matarazzo (PSDB) disse que o substitutivo do Plano Diretor prevê, após um ano de sua aprovação, a elaboração de mapa sonoro para diagnosticar o problema na capital.

    Além disso, os vereadores começam a se mobilizar para modernizar a legislação atual que não prevê, por exemplo, que o Psiu multe proprietários de residências barulhentas -nesse caso, é preciso chamar a Polícia Militar.

    A fotógrafa Fernanda Coronado, 38, critica a eficiência do Psiu. Para cobrar mais força no combate à poluição sonora, ela criou o movimento Ouvido no Ruído.

    A ideia surgiu durante as noites de insônia depois que ela comprou um apartamento na Lapa, zona oeste, em 2010, próximo de várias casas noturnas.

    "A gente passou a chamar primeiro o Psiu, mas é um departamento desestruturado", diz. "Depois, apelamos para a Polícia Militar. Quando eles iam embora, o som voltava e ainda deixava a gente exposto na vizinhança."

    Ela conta que chegou a ir dormir em casa de amigos e aprendeu a utilizar o ar condicionado para amenizar o som grave que ecoava pelas baladas do bairro.

    Em Fortaleza (CE), a situação era tão ou mais grave que a de São Paulo. Hoje, a cidade é vista como referência no combate à poluição sonora.

    O município criou uma ofensiva contra o ruído na última década, que incluiu mudança na legislação, criação de um mapeamento da poluição sonora e aumento da estrutura para fiscalização.

    "Tínhamos três fiscais. Hoje, temos 400", afirma o engenheiro Francis Chaves Brito, responsável pela implantação das normas.

    A conferência na Câmara acontece até amanhã, dia internacional de conscientização sobre o ruído.

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