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    Rio de Janeiro

    Viúvo de morta no Alemão diz que tiro teria partido de traficantes

    OSNI ALVES
    DO RIO

    29/04/2014 11h10

    O tiro que matou Arlinda Bezerra das Chagas, 72, na noite do último domingo (27), no complexo do Alemão, zona norte do Rio, teria partido de traficantes que estavam em confronto com a polícia, segundo afirmou Francisco Faustino, 85, viúvo de dona Dalva, como ela era conhecida.

    Faustino falou na manhã desta terça (29), durante o velório de sua mulher no cemitério de Inhaúma, zona norte do Rio. Segundo ele, enquanto era socorrida após ser baleada, dona Dalva teria dito aos que a carregavam que "quem atirou foi um dos meninos", referindo-se aos recrutas do tráfico.

    Outros familiares de dona Dalva negaram o relato de Faustino e disseram que aguardam o laudo médico e a perícia para entender o que aconteceu. "Lá predomina a lei do cão, ninguém pode falar nada", disse o viúvo, que era casado há 50 anos e mora na favela Nova Brasília, no complexo do Alemão.

    Segundo relatos de familiares, o tiroteio entre PMs e traficantes no domingo à noite teria durado cerca de 20 minutos. Um exame de necropsia realizado ontem encontrou um projétil dentro do corpo de dona Dalva. Quatro pistolas e um fuzil dos policiais envolvidos no tiroteio foram apreendidos e um confronto balístico será feito para descobrir a autoria dos disparos.

    Após a morte de dona Dalva, os moradores organizaram um protesto na noite de domingo. A neta Ramires Assis, 24, disse que a avó era muito conhecida e benquista pela vizinhança, o que motivou os protestos que se seguiram à morte dela.

    Os familiares afirmaram, no entanto, que não participaram das manifestações que aconteceram na segunda, quando três carros foram queimados em frente à coordenadoria das UPPs, de manhã, e três ônibus foram incendiados à noite. Manifestantes também invadiram e depredaram uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região, a mesma que atendeu dona Dalva após ela ser baleada.

    Temerosa com a situação no Alemão, a família preferiu não comentar o assunto.

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