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    Abrigo improvisado para haitianos em SP está no limite, afirma padre

    RICARDO GALLO
    DE SÃO PAULO

    30/04/2014 02h00

    A situação está perto do limite, desabafa o padre Paolo Parise. Responsável pelo local que serve de abrigo às dezenas de imigrantes haitianos que chegam diariamente a São Paulo vindos do Acre, ele diz já não haver espaço físico para acomodar a todos.

    "Recebi uma ligação dizendo que iam chegar mais quatro ônibus. Não acredito. Não quero acreditar. Não sei o que fazer", afirma o padre.

    Ontem, cerca de 160 deles passaram a noite em um salão de festas convertido, provisoriamente, em dormitório. Ficaram no chão, sobre colchões doados pela prefeitura. Até então, o local havia recebido, no máximo, 40 pessoas para dormir.

    Parise dirige a Missão Paz, entidade ligada à Igreja Católica que recebe migrantes, imigrantes e refugiados. O abrigo fica no Glicério, região central de São Paulo.

    O fluxo de haitianos não para. O governo do Acre fretou 50 ônibus rumo a São Paulo. Muitos imigrantes ainda não chegaram –a viagem leva cerca de quatro dias e acaba na rodoviária da Barra Funda, zona oeste.

    Mas Parise disse que não irá recusar ninguém. "Nunca fiz isso na minha vida." Improvisar o dormitório foi a maneira de não deixar os haitianos na rua, diz ele. Anteontem, com o salão de festas lotado, a saída encontrada foi recorrer a ajuda.

    Por iniciativa própria, uma paróquia no Tucuruvi (zona norte) abrigou 128 pessoas. A prefeitura providenciou beliches (para ampliar a a capacidade), kit higiene, cobertor, lençóis e transporte.
    Mas, por ora, não há outra alternativa para colocar os imigrantes. Ele pediu ajuda à prefeitura, que procura locais a serem usados como abrigo para os haitianos por chegar.

    Entre os locais prospectados estão clubes, diz a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.

    O governo do Acre diz que não está orientando os imigrantes a ir para a Missão Paz. Segundo o padre Parise, a informação tem corrido no boca a boca entre os haitianos.

    IMPROVISO

    Diante do fluxo de imigrantes contínuo, ele conta com ajuda externa. O café da manhã tem sido doado por donos de restaurantes. O almoço ontem foi no Bom Prato, do governo do Estado, e o jantar é diariamente dado pela prefeitura.

    Parise não tem controle sobre quem está por chegar à Missão Paz. Ele chegou a colocar uma funcionária na rodoviária da Barra Funda para recepcioná-los, mas os horários de chegada são imprecisos -um ônibus programado para 19h30 desembarcou às 2h do dia seguinte. Os haitianos esperam o metrô abrir, compram bilhete e vão para a Missão Paz.

    O governo do Acre não deu dinheiro para alimentação durante viagem entre o Acre e São Paulo. Eles dependem de economias próprias.

    Colaborou STEFANIE SILVEIRA

    Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

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