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    Parada Gay pede criminalização da homofobia e reúne 100 mil, diz PM

    DE SÃO PAULO

    04/05/2014 20h44

    A Parada Gay realizada neste domingo, na região central de São Paulo, reuniu entre 80 mil e 100 mil pessoas, segundo estimativa feita pela Polícia Militar, para pedir às autoridades a aprovação de leis contra a homofobia. Por volta das 20h30, o trânsito já tinha sido liberado na Paulista e na Consolação.

    Os organizadores do evento não divulgaram estimativa própria de público. Uma parte das pessoas que participaram da passeata, porém, também acompanhou o show de encerramento na praça da República, que terminou por volta das 21h30. Pedro Lima, do programa "The Voice Brasil", se apresentou primeiro, seguido por Wanessa.

    Antes do show de encerramento, a multidão já tinha percorrido a avenida Paulista e a rua da Consolação, por onde também passaram 14 trios elétricos, com tipos variados de músicas. O trio da Salete Campri, por exemplo, transformou o local em uma rave, enquanto o trio da Gambiarra levou o clima do Carnaval baiano, com hits do axé e um pouco de pagode.

    Ao encerrar o desfile, na praça Roosevelt, Nelson Matias, sócio-fundador da associação que organiza a Parada, tirou aplausos da multidão ao dizer que a luta não termina com a festa. Ele também recomendou que os participantes "voltem para casa em grupos e não aceitem provocações", por segurança.

    DESFILE

    O desfile começou próximo do meio-dia, na avenida Paulista, seguindo para a Consolação. Na abertura, militantes cobraram das autoridades a aprovação de leis contra a homofobia e a favor dos direitos de transexuais. A ministra Ideli Salvatti (Direitos Humanos), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) estavam presentes.

    O presidente da APOGLBT (Associação da Parada do Orgulho GLBT), Fernando Quaresma, reclamou publicamente da anexação do projeto de lei 122/06, que criminaliza a homofobia, ao projeto de reforma do Código Penal, que ainda não tem data para ser analisado. A medida foi aprovada no Senado, em dezembro de 2013.

    "Por que o PL foi arquivado e agora temos que esperar a redação do novo Código Penal? Os parlamentares que decidiram isso estão com as mãos cobertas de sangue dos LGBT [lésbicas, gays, bissexuais e transexuais]", afirmou.

    Quaresma citou levantamento do GGB (Grupo Gay da Bahia) que aponta que 310 homossexuais e travestis foram assassinados em 2013 e defendeu a aprovação da lei de Identidade de Gênero, conhecida como João Nery, em homenagem ao primeiro transexual do Brasil.

    PÚBLICO

    Assim como em outros anos, o evento atraiu de famílias a baladeiros, passando por pastores e celebridades.

    Moradora da região há cinco anos, a doméstica Iracema Neris dos Santos, 57, decidiu ir ao evento pela primeira vez. No final da tarde, ela observava o movimento da via que desemboca na praça Roosevelt ao lado dos filhos Alexandro, 9, e Amanda, 14.

    "Antes de virmos, falei para eles [os filhos] que ia ter homem com homem e mulher com mulher", disse. "Estou gostando, no ano que vem vou voltar."

    Vizinha de Iracema, a cabeleireira Maria do Amparo, 53, elogiava o clima. "Esse ano o pessoal está mais comportado. Já vi até gente transando na rua em outros anos", lembra.

    "É legal andar de mão dada, mas tem que saber se comportar como casal, porque aqui tem famílias e crianças", diz a mulher, que afirma frequentar o evento há cinco anos.

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