A menos de 3 km do estádio que sediará a abertura da Copa do Mundo, o acampamento de mais de mil famílias em frente ao planetário do parque do Carmo, na zona leste de São Paulo, agora se chama Copa do Povo.

O nome foi decidido em assembleia coordenada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), no início da noite de ontem.

Instalados desde a madrugada de sábado, os invasores são, na maioria, moradores de bairros da região, como Gleba do Pêssego e Jardim Helian. Eles querem a construção de um conjunto habitacional na área abandonada, de 150 mil metros quadrados.

Todos se reuniram ontem para decidir o nome do acampamento e receber instruções como "é proibido fazer fogueira e acender velas" e "não pode fazer gato de energia elétrica ou cortar árvores".

A primeira opção de nome, ocupação Doutor Sócrates, teve 29 votos. A terceira, Itaquerão do Povo, nem chegou a ser votada, já que centenas de mãos se levantaram pela segunda opção.

"Eu preferia Sócrates", disse o líder do MTST Guilherme Boulos, sobre o jogador ídolo do Corinthians, conhecido também pela militância política e liderança na democracia corintiana.

Minutos antes, Boulos disse que, se não forem atendidos, pode "ficar feio para a Copa". Questionado sobre se o acampamento é uma bomba-relógio, ele respondeu: "Se a negociação não avança, vamos para a luta."

Durante a tarde, sete ônibus de "apoio", com membros de ocupações já existentes, como Nova Palestina e Faixa de Gaza, na zona sul, deixaram a Copa do Povo.

Segundo o MTST, às 22h de ontem havia perto de 2.000 famílias no terreno -no sábado, eles contabilizavam 1.200. A numeração dos barracos deve começar amanhã.