• Cotidiano

    Thursday, 02-May-2024 07:44:36 -03

    Mulher linchada queria ter aula de dança e ajudar nas contas de casa

    DIÓGENES CAMPANHA
    ENVIADO ESPECIAL AO GUARUJÁ (SP)

    06/05/2014 02h00

    Parentes e amigos da dona de casa linchada em Guarujá (litoral de SP) dizem que ela tinha problemas psiquiátricos, mas negaram envolvimento dela com sequestro de crianças.

    Segundo essas pessoas, Fabiane Maria de Jesus, 33, já havia sido diagnosticada há mais de dez anos com transtorno bipolar, problema caracterizado por alternâncias entre estados de agitação e depressão.

    arte Folhapress/arte Folhapress

    Fabiane gostava de pintura e fotografia. Apesar dos problemas, preparava-se para começar uma nova atividade: havia se matriculado em uma aula de zumba, mistura de dança com aeróbica, no centro comunitário de Morrinhos. Também planejava vender sandálias coloridas na vizinhança para ajudar nas contas de casa.

    Mas as crises psiquiátricas aumentaram no último ano e a família restringiu as saídas de Fabiane de casa. Ela também vinha se esquecendo de fatos e pessoas. No último sábado, ela pegou uma chave e saiu sem ser notada, enquanto o marido, o porteiro Jailson Alves das Neves, estava no trabalho.

    A sogra, Maria Alves de Jesus, 63, conta que, quando viu, a nora já estava na rua em uma bicicleta.
    Amigos contam que ela foi à igreja e disse que iria à praia. Uma das últimas paradas foi na casa da amiga Fátima dos Reis, 60.

    Fátima disse que percebeu que Fabiane não estava bem porque ela se apresentou como se não a conhecesse. Cerca de 40 minutos depois de terem se despedido, Fátima soube do linchamento.

    Nascida no Rio de Janeiro, Fabiane foi criada em Guarujá desde criança, com a mãe e o padrasto.

    Ela era prima do marido. Ambos começaram a namorar depois da festa de 15 anos de Fabiane. Pouco tempo depois, foram morar juntos.

    Fabiane sofreu um aborto espontâneo na primeira gravidez e, segundo a família, desenvolveu transtorno bipolar depois do parto da filha, hoje com 12 anos.

    O quadro se agravou quatro anos depois, após outro filho nascer morto. Há um ano, Fabiane deu à luz outra menina. A sogra diz que ela era "conversadeira e de alto astral".

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024