Um racha entre sindicalistas foi o estopim da greve desta quinta-feira (8) de motoristas e cobradores de ônibus da cidade do Rio de Janeiro, que já resultou na depredação de ao menos 325 veículos.

Segundo José Carlos Sacramento, presidente Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio, a adesão ao movimento é "pequena", mas o grupo dissidente que lidera a paralisação obteve o "reforço" de outras categorias e movimentos sociais. Ele citou os petroleiros, comerciários de Nova Iguaçu, Colutas, Passe Livre, além de partidos políticos, como o PSTU e o PEN —este último dá apoia à candidatura de Anthony Garotinho (PR) ao governo do Rio.

"Sem esses apoios, eles não teriam como mobilizar tanta gente. Nem dispor de camisetas, carro de som e motos. Uma paralisação como essa não sai por menos de R$ 50 mil", disse Sacramento.

Líder dos dissidentes, Hélio Theodoro, o Hélio da Real, diz que boa parte da categoria rejeita o acordo fechado pelo sindicato, que prevê reajuste de 10% no salário e aumento da cesta básica para R$ 150.

"Somos um grupo majoritário dentro do sindicato e estamos mobilizados contra esse acordo", afirmou Theodoro.

O grupo quer um aumento de 20%, cesta básica de R$400 e o fim da dupla função de motorista e cobrador —implantada em ônibus de menor porte.

Theodoro confirma que o grupo teve apoio material e de pessoas de outros sindicatos e movimentos, mas rejeita a interferência política na paralisação. O líder é filiado ao PEN, mas diz que não será candidato.

Para Sacramento, a greve desta quinta é "violenta" e só obteve adesão porque os manifestantes impediram motoristas de saírem das garagens. "Os trabalhadores queriam trabalhar, mas foram impedidos."

Theodoro nega e disse que a adesão foi voluntária. Segundo o Rio Ônibus, consórcio das empresas que operam na cidade, apenas 30% dos ônibus estão circulando hoje.