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    Após reunião, sem-teto diz que Dilma estuda desapropriar área em Itaquera

    MARINA DIAS
    FELIPE SOUZA
    DE SÃO PAULO

    08/05/2014 16h03

    A presidente Dilma Rousseff recebeu lideranças do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) na tarde desta quinta-feira (8), em São Paulo, para discutir o acesso ao programa Minha Casa, Minha Vida e a situação da ocupação Copa do Povo, em Itaquera (zona leste da capital), a 3 km do estádio que sediará a abertura da Copa do Mundo.

    Segundo o MTST, a verba destinada às empreiteiras para construir moradias populares pelo programa do governo federal não corresponde ao alto custo dos terrenos na capital paulista. Assim, as empresas construtoras optam por erguer as casas em áreas nas periferias e no interior do Estado, inviabilizando a iniciativa no município.

    Outra reivindicação do grupo é o aumento do valor máximo de renda familiar para entrar no Minha Casa, Minha Vida, que atualmente é de R$ 1.600.

    Dilma atendeu a um pedido do líder do movimento dos sem-teto de São Paulo, Guilherme Boulos, e os recebeu pessoalmente. Em seguida, determinou que uma equipe do Ministério das Cidades atenda a comissão que representa o MTST nos próximos dias para tratar do acesso ao Minha Casa, Minha Vida.

    O encontro durou cerca de 20 minutos e aconteceu na pista de pouso no bairro de Itaquera, perto da Arena Corinthians. Dilma faz uma visita ao estádio que vai sediar a abertura da Copa do Mundo, no dia 12 de junho.

    No fim da pequena reunião, Boulos e seus companheiros posaram para fotos ao lado da presidente.

    Divulgação
    Presidente Dilma Rousseff e o prefeito Fernando Haddad participam de reunião com membros do MTST
    Presidente Dilma Rousseff e o prefeito Fernando Haddad participam de reunião com membros do MTST

    "O encontro foi muito positivo. Discutimos pautas nacionais do movimento sem-teto em relação ao Minha Casa, Minha Vida", disse à Folha Guilherme Boulos.

    Segundo o líder sem-teto, a presidente também se comprometeu a analisar a situação do terreno onde está a ocupação Copa do Povo e a possibilidade de transformá-lo em moradia popular. "Ela [presidente] se comprometeu a estudar a possibilidade de uma intervenção federal na Copa do Povo e, eventualmente, uma desapropriação", disse.

    Também esteve presente na reunião o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Segundo Boulos, Haddad também se comprometeu a estudar a desapropriação do terreno Copa do Povo, próximo ao estádio do Itaquerão. A ideia é que o governo federal arque com o custo da desapropriação.

    Outro líder do MTST que também participou da reunião com a presidente e o prefeito, Josué Rocha, afirmou que o tema manifestações não esteve em pauta na conversa. Segundo ele, o movimento não prometeu interromper os protestos, e a presidente também não fez nenhum pedido a esse respeito.

    Considerado área rural, o terreno onde está a invasão Copa do Povo não paga IPTU, conforme a Folha mostrou na última quarta-feira. Paga apenas o ITR (imposto Territorial Rural), que é um tributo federal.

    Neste ano, a construtora Viver (ex-Inpar) comprou a área por R$ 5,2 milhões. Segundo a última avaliação do terreno registrada no cartório de imóveis, em 2013, o terreno já custaria R$ 22 milhões.

    PROTESTOS

    A 35 dias do início da Copa do Mundo, uma onda de protestos voltou a ocorrer nesta quinta-feira no país, direta ou indiretamente relacionados com a realização do Mundial.

    Em São Paulo, cinco manifestações de sem-teto que tem como mote críticas aos gastos com a realização do Copa interditaram vias. Os manifestantes invadiram temporariamente sedes de três empreiteiras que fazem obras do evento -Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez.

    Três atos promovidos pelo MTST foram suspensos durante a tarde por conta da reunião do movimento com a presidente Dilma. Eles tinham iniciado na praça do Ciclista, na avenida Paulista, e nas estações Butantã do metro e Berrini da CPTM. Outros dois saíram da zona sul e terminaram na ponte do Socorro e outro na avenida Paulista.

    Duas construtoras foram invadidas por parte dos manifestantes, no protesto que reuniu membros do MTST e do MST (Movimento dos Sem-Terra). Cerca de 100 pessoas tomaram o saguão de entrada da Odebrecht e picharam, colaram cartazes e atiraram bexigas de tinta nas paredes.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Simultaneamente à invasão da Odebrecht, construtora responsável pelas obras do estádio do Itaquerão, o hall de entrada da construtora OAS também foi tomado por sem-teto e integrantes do MTST e MST. Dentro do prédio manifestantes diziam palavras de ordem.

    No Rio, a população amanheceu praticamente sem ônibus. Motoristas e cobradores estão em greve por 24 horas. Pelo menos 325 ônibus foram depredados durante a manhã em vários ataques pela cidade. Eles reivindicam aumento de salário.

    Situação parecida foi enfrentada na Grande Florianópolis. Mais de 300 mil passageiros ficaram sem transporte coletivo por causa de uma paralisação de motoristas e cobradores.

    Já na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, moradores bloquearam dois trechos da BR-040 entre a capital mineira e Brasília. O grupo quer melhorias no transporte coletivo.

    em Curitiba, cerca de 500 pessoas que vivem em invasões interditaram uma rodovia federal em Curitiba, em protesto por melhores condições de moradia. O grupo que faz parte do MPM (Movimento Popular por Moradia) queimou pneus e galhos na pista, e interrompeu o fluxo na BR-376, no Contorno Sul, por cerca de duas horas, entre 9h e 11h.

    Protestos de militantes sem-terra e de servidores municipais em greve também causaram grandes engarrafamentos em Salvador na manhã de hoje. O protesto, segundo o movimento, reuniu cerca de 3.000 pessoas, que vinham de uma marcha de 40 km entre Camaçari (região metropolitana) e a capital.

    Em Manaus, ao menos 70 mil pessoas foram afetadas por uma paralisação de três horas de motoristas do transporte público. Dois ônibus foram apedrejados por usuários revoltados com a interrupção do tráfego, e dois motoristas envolvidos na ação acabaram presos.

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