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    Curso obrigatório para adoção é 'prova de fogo' para potenciais pais

    JAIRO MARQUES
    DE SÃO PAULO

    11/05/2014 02h00

    O lugar-comum "ser mãe não é fácil" ganha ainda mais sentido quando há um processo desafiador como o da adoção. Um dos primeiros passos antes de ter uma criança adotiva na família no

    Brasil é participar de uma "prova de fogo", que poderá confirmar ou desencorajar o desejo.

    Os cursos preparatórios para adoção, obrigatórios, são oferecidos tanto por juízes e técnicos de varas de família, quanto por associações de apoio. Apesar de parecerem apenas uma formalidade jurídica, impõem desafios para quem quer adotar.

    "Durante o curso, explica-se que adotar não se trata de um balcão onde irá se negociar uma criança, nem uma ação para anemizar perdas e frustrações, ou solução de problemas conjugais", diz a juíza Dora Martins, da Vara da Infância e Juventude do Foro Central de São Paulo.

    O funil para conquistar o direito de criar uma criança é estreito e rigoroso, o que ajuda a explicar os números do Cadastro Nacional de Adoção: 5.000 crianças e adolescentes para 30 mil pretendentes.

    Foi durante o curso que a jornalista Adriana Natali, 39, que há dois anos tenta ser mãe adotiva, chegou à conclusão de que "só os fortes" levam a ideia até o final. "Tomei consciência de que nosso filho pode não ser aquele perfeitinho e amoroso que idealizamos. Então, é preciso se preparar bem para recebê-lo", conta.

    Durante o curso, os potenciais pais são apresentados, à diversidade de crianças na fila de adoção, como portadoras do vírus HIV e deficientes.

    Não há uma estatística que aponte quantos desistem do processo após o curso preparatório, mas a Folha ouviu relatos de turmas com 60 pessoas que ficam pela metade após quatro horas de aulas.

    Katya Char, 37, e o marido Armando Char, 41, foram até o fim para conseguir o direito de criar a filha Bia. "Depois do curso, que foi duro, começamos a imaginar mais a situação das crianças que aguardam por adoção e resolvemos aceitar uma filha com mais idade", diz a mãe.

    O processo de adoção durou nove meses e Bia "nasceu" para o casal com quatro anos e nove meses. Hoje, a menina tem seis anos e os pais participam de cursos preparatórios para dividir a experiência de felicidade, segundo a mãe.

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