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    Manicure torturada havia furtado dinheiro, dizem suspeitos à polícia

    REYNALDO TUROLLO JR.
    DE SÃO PAULO

    12/05/2014 20h18

    A Polícia Civil mudou a versão da morte da manicure Ane Kelly Santos, 26, torturada por três horas e enterrada em um terreno abandonado na Grande São Paulo.

    Inicialmente, segundo a polícia, os suspeitos haviam dito a policiais de Barueri que Ane Kelly tinha sido morta por furtar um pacote de biscoito. Nesta tarde, a polícia afirmou que o trio acusou a manicure de lhe ter furtado dinheiro –que seria produto de outros crimes.

    A tortura e a morte, filmadas com um celular, aconteceram em 24 de abril –data em que Ane Kelly sumiu, ao sair de casa para ir à padaria.

    A Polícia Civil desvendou o caso no fim de semana, depois que um dos criminosos perdeu o celular com os vídeos. Alguém encontrou o aparelho e o levou à polícia –que investigou e descobriu que Ane Kelly estava desaparecida.

    Jackson Nunes Pereira, 21, a namorada dele, Renata Fonseca da Silva, 27, e o amigo, Valmir de Oliveira, 27, estão presos. Segundo a polícia, diante dos vídeos, eles confessaram o crime.

    Segundo o delegado chefe da Divisão de Homicídios, Itagiba Franco, Pereira alegou que a vítima tinha furtado dele R$ 27 mil que ele guardava em casa com a intenção de comprar uma van para trabalhar.

    Reprodução/Facebook/anekelly.santos
    Reprodução do perfil de Ane Kelly Santos, 26; ela foi sequestrada e morta após furtar um pacote de biscoitos
    Reprodução do perfil de Ane Kelly Santos, 26; sequestrada e morta por trio em Barueri (SP)

    O dinheiro, fruto da exploração de máquinas caça-níqueis ilegais e de furtos de veículos, foi sumindo aos poucos da casa em que Pereira vivia com a namorada Renata.

    Pereira contou que chegou a desconfiar dela e do amigo, Oliveira, mas, por fim, concluiu que Ane Kelly o furtara.

    Ele disse à polícia que a manicure tinha problemas financeiros e, para sustentar as cinco filhas, fazia faxina em sua casa. Por isso, ela sabia onde ficava o dinheiro.

    'SELVAGERIA'

    Na manhã de 24 de abril, Pereira e Oliveira abordaram a mulher enquanto ela ia à padaria. Ela aceitou uma carona e acabou levada para uma casa abandonada, onde foi torturada após confessar o furto. Foi espancada, enforcada, levou um tiro no pé, teve o olho esquerdo arrancado com um garfo e um dedão do pé estourado por um martelo.

    Ao final, os algozes jogaram sal nos machucados. Toda a ação foi filmada por Renata, que incentivava o namorado a desferir os golpes.

    "O Jackson [Pereira] ficou louco da vida quando viu seu dinheiro se perder. E ele falou: 'Fiquei ainda mais bravo com a Kelly porque ela não chorou [durante a tortura]'", disse o delegado Itagiba Franco.

    "É de uma selvageria, de uma maldade inacreditável."

    O trio dirigiu cerca de 3 km até um terreno abandonado em Osasco onde Ane Kelly, ainda viva, deitou-se numa cova rasa, levou uma machadada e foi enterrada. Exames dirão se ela foi sepultada viva.

    Os três estão presos e devem responder por homicídio, tortura e ocultação de cadáver. Eles não tinham advogado. Somente Oliveira tinha passagem anterior pela polícia, por suspeita de tráfico de drogas.

    Um adolescente que aparece no vídeo –ele fumava crack no terreno abandonado no momento e acabou ajudando a torturar a vítima, queimando-a– também é procurado pela polícia.

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