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    Em crise, reitores congelam salários na USP, Unicamp e Unesp

    STEFANIE SILVEIRA
    DE SÃO PAULO

    13/05/2014 12h08

    O Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) decidiu congelar os salários de servidores técnico-administrativos e docentes da USP (Universidade de São Paulo), Unesp (Universidade Estadual Paulista) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

    A justificativa apontada pelo conselho foi o alto índice de comprometimento dos orçamentos das instituições com as folhas de pagamento. Segundo dados do Cruesp, a USP gasta 104,22% do seu orçamento com salários; a Unesp gasta 94,47% e a Unicamp, 96,52%.

    Uma nova reunião do conselho na semana que vem deve continuar a discutir o tema do congelamento de salários. O Cruesp vai reavaliar as situações das universidades novamente em setembro e outubro, levando em consideração os repasses do ICMS.

    Atualmente, as universidades paulistas recebem um repasse de 9,57% da arrecadação do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços).

    A decisão do conselho foi anunciada após a primeira reunião de negociação da Campanha Salarial 2014 que define os reajustes para docentes e servidores.

    USP

    Segundo o coordenador da Administração Geral da USP, Rudinei Toneto Júnior, no final de 2012, a USP possuía em reservas a quantia de R$ 3,23 bilhões, incluído nesse valor quase R$ 1 bilhão de receitas próprias, convênios e economia orçamentária das unidades.

    No final de 2013, a reserva havia baixado para R$ 2,56 bilhões. Nos três primeiros meses deste ano, o valor passou para R$ 2,31 bilhões.

    Segundo a USP, estão em estudo medidas para tentar reverter o quadro, como a redução dos contratos terceirizados, a implantação de um sistema unificado de compras e a racionalização da frota de veículos.

    No final de abril, o reitor da USP, Marco Antonio Zago, enviou uma carta aos docentes, servidores e alunos pedindo o apoio para superar a "difícil conjuntura" enfrentada pela instituição.

    O Tribunal de Contas do Estado diz que a USP pagou remunerações acima do teto constitucional ao reitor e a pelo menos outros 166 dos seus professores em 2011.

    O TCE também criticou a condução dos problemas do campus da universidade na zona leste da capital.

    Segundo o tribunal, a USP sabe desde 2004 que a área é contaminada e que precisaria de ações como instalação de dutos de extração de gases, mas mesmo assim fez contratos sem licitação em 2011 e em 2014 para as ações, alegando situação emergencial.

    SINDICATOS

    O Fórum das Seis, que engloba os sindicatos e representações estudantis das três universidades, convocou uma nova rodada de negociação para a quarta-feira (21). No mesmo dia, está programada uma paralisação nas instituições.

    A Adusp (Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo) convocou uma assembleia extraordinária para amanhã à tarde para discutir as ações que serão realizadas contra o "arrocho salarial".

    O Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) realiza nesta terça uma assembleia para debater o comunicado do Cruesp.

    O STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp) afirma em nota que a proposta apresentada pelo Cruesp é "desrespeitosa e recoloca a lógica do arrocho salarial que as categorias vinham superando nos últimos 10 anos". Segundo a categoria, a última vez em que os reitores ofereceram reajuste zero foi em 2004 e isso "levou a uma greve histórica".

    Na quarta-feira (14), o STU realiza assembleia geral na Unicamp, ao meio-dia, para discutir o indicativo de paralisação no dia 21.

    Fernando Donasci - 16.jan.2014/Folhapress
    Universidade de São Paulo (USP) compromete mais de 100% do seu orçamento com a folha de pagamento
    Universidade de São Paulo (USP) compromete mais de 100% do seu orçamento com a folha de pagamento

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