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    Usuário rejeita 'cercadinho' montado na região da cracolândia

    ARETHA YARAK
    DE SÃO PAULO

    15/05/2014 02h00

    Os usuários de drogas da cracolândia, na região central da cidade, retiraram na tarde de ontem o "cercadinho" que a prefeitura instalou na esquina da al. Cleveland com a rua Helvetia.

    De acordo com a prefeitura, o programa Braços Abertos instalou as grades com o objetivo de organizar a movimentação dos usuários de drogas e liberar a calçada para outros pedestres.

    A medida foi considerada discriminatória por dependentes de drogas, que se recusaram a permanecer ali.

    O programa Braços Abertos é um projeto da gestão Fernando Haddad (PT) que promete resgatar usuários da cracolândia de maneira humanizada e sem violência.

    O projeto tenta fazer frente às ações de 2012, na gestão de Gilberto Kassab (PSD), consideradas violentas por opositores políticos e defensores de direitos humanos.

    Na época, uma operação policial articulada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) e a prefeitura impedia que usuários de drogas ficassem parados nas ruas.

    HIGIENISTA

    "Quando a situação aperta, as decisões têm ido mais para o lado opressor e higienista do que para o das políticas de redução de danos", diz o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, um dos idealizadores do Braços Abertos.

    Para ele, a ação da prefeitura errou ao não combinar com os usuários o que seria feito. "O diálogo é parte da redução de danos."

    Um dos principais críticos às ações de 2012, o defensor público Carlos Weis diz que a história se repete. "Mesmo que tenham sido convencidos a ficar ali, é uma situação indigna, um aquário da podridão humana", diz.

    Os usuários de drogas, que dizem não ter sido avisados do "cercadinho", só aceitaram entrar no gradil no começo da tarde, e por pouco tempo.

    Após negociação com funcionários da prefeitura, aceitaram ficar por uma hora na área enquanto era feita a limpeza da rua. Depois, recolheram as grades. "Não somos animais", disse um usuário.

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