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    Miguel Alves Pereira (1932-2014) - Dedicou-se à arquitetura brasileira

    FABRÍCIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    17/05/2014 00h00

    Em 1967, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB (Universidade de Brasília) foi fechada pela ditadura por ser considerada um local de resistência ao regime militar na capital do país.

    Um ano depois, Miguel Pereira foi um dos que conseguiram reabrir o centro de ensino, tornando-se diretor. Para ele, o que se estudava na FAU era estratégico, pois acreditava que a arquitetura é uma questão puramente política.

    Ao longo de sua carreira, buscou unir profissionais que pudessem pensar a arquitetura brasileira de maneira integrada. Miguel foi diretor e membro das maiores instituições da área no país.

    Dizia que a arquitetura tinha que se empenhar em chegar aonde o povo está, pois é um direito de todos.

    Por isso, era crítico de certos projetos de grandes conjuntos habitacionais populares. Brincava que, se algum morador chegasse bêbado em casa, não saberia qual era a sua, afinal, são todas iguais.

    Era um gaúcho que não comia carne, como brincavam os amigos. Escutava exaustivamente os vinis dos jazzistas Charlie Parker, Coleman Hawkins e John Coltrane.

    Além do jazz, amava vinhos. Por causa dessas paixões, pediu que não fosse velado com tristeza, mas ao som de jazz e de muitos brindes da sua bebida favorita.

    Sobre seu caixão foi colocada uma faixa amarela com a palavra "arquitetura".

    Miguel morreu na quarta-feira (14), aos 81 anos, de uma parada cardíaca. Sua saúde deteriorou-se desde que sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) no ano passado. Deixa um filho e um neto.

    coluna.obituario@uol.com.br

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