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    Exército barra compra de 3.000 armas importadas pela Polícia Federal

    FILIPE COUTINHO
    FERNANDA ODILLA
    DE BRASÍLIA

    18/05/2014 02h00

    Uma compra milionária de 3.000 pistolas semiautomáticas coloca em lados opostos a Polícia Federal e o Exército.

    A PF quer adquirir exemplares adicionais da arma austríaca Glock, já adotada na corporação e considerada, pelos policiais, superior às nacionais.

    Já o Exército, responsável por autorizar importações e proteger a indústria nacional de defesa, tem apresentado obstáculos à compra.

    No ano passado, o Exército rejeitou o pedido de autorização para a compra de 3.000 armas sob o argumento de que havia produto similar no Brasil, a pistola PT 24/7, fabricada pela Taurus.

    O entendimento dos militares colocou a PF numa situação delicada.

    O Exército já havia dado autorização a outras duas compras de Glock anteriormente e o armamento havia sido adotado como o padrão na polícia em 2007.

    A avaliação na PF é que a troca de fabricante vai gerar custos extras com equipamentos e acessórios, além de mais tempo de treinamento dos policiais.

    Editoria de arte/Folhapress

    Neste ano, após a PF pedir reconsideração, o Exército decidiu liberar compras emergenciais com a Glock.

    Uma comissão dos ministérios da Defesa e da Justiça foi criada para definir os requisitos do armamento e apresentá-los à indústria nacional, com objetivo de que um produto nacional possa atender adequadamente à demanda da polícia.

    O Exército afirma que apenas na primeira autorização, em 2003, não havia produto similar nacional.

    A última compra da Glock, liberada pelo Exército em 2007 -mesmo ano em que a PF adotou a arma austríaca como padrão- só aconteceu após tratativas da Casa Civil da Presidência da República, dizem os militares.

    De acordo com o Exército, não há veto à Glock, mas 'controle' para preservar a indústria nacional.

    "O controle leva em consideração a legislação, que aponta a necessidade da salvaguarda da indústria nacional de defesa, como também o atendimento das necessidades dos órgãos de segurança pública", afirma, em nota.

    Apesar de o Exército afirmar que há similar nacional para a compra da PF, grupos especiais das próprias Forças Armadas utilizam a Glock.

    Segundo o Exército, isso acontece porque tropas de elite "necessitam manusear diversos armamentos, de variados países, como forma de permitir o emprego de tais produtos e conhecer novidades e alternativas no mundo".

    De acordo com o Exército, isso torna os seus integrantes aptos a "estabelecerem requisitos para um novo armamento nacional".

    A Folha enviou questionamentos sobre as armas e os custos do material à PF.

    No entanto, não obteve respostas do órgão até o fechamento desta edição.

    Na primeira compra de armas realizada por parte da PF, em 2005, a polícia apontou problemas na pistola PT 24/7, de fabricação nacional.

    Um parecer técnico cita "diversos problemas e deficiências" da Taurus.

    A Polícia Federal anexou ao processo de compra uma pesquisa da Polícia Militar do Estado de São Paulo, na qual 47% dos entrevistados afirmaram que não consideram confiáveis as armas de fabricação nacional.

    Procurada pela reportagem, a Taurus afirmou que segue "rigorosamente a legislação" e que não comenta decisões de autoridades.

    "A Taurus produz diversas armas consideradas, técnica e funcionalmente, similares a outras armas produzidas por fabricantes estrangeiros, entre os quais o mencionado Glock", disse a empresa.

    Ainda de acordo com a Taurus, "eventuais inconformidades nos produtos, à semelhança do que ocorre em outros segmentos da indústria nacional, são imediatamente corrigidas".

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