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    'Protesto atinge o povo e não os grandes', diz usuário de ônibus em SP

    STEFANIE SILVEIRA
    LEANDRO MACHADO
    DE SÃO PAULO

    20/05/2014 12h29

    Com compromissos adiados, usuários de ônibus reclamam do protesto feito por motoristas e cobradores que fechou ao menos seis terminais em São Paulo, na manhã desta terça-feira (20).

    A aposentada Ilza Rocha, 68, voltou para casa, na Santa Cecília, centro, ao encontrar o terminal Princesa Isabel sem ônibus. "Eu estava indo para o parque dom Pedro, mas desisti. Não saiu nenhum ônibus daqui", diz.

    O estudante João Pedro Mendes, 16, perdeu o dentista que estava marcado para esta manhã, na Vila Medeiros, na zona norte. "Estou aqui desde as 9h e nada de ônibus", diz ele, com a boca inchada.

    A auxiliar de limpeza Claudia Andrea, 33, caminhou 1h30 para chegar ao trabalho e foi dispensada pelo patrão quando chegou atrasada. "Queria ir para Santana tentar repor o dia, mas nem tem ônibus para ir pra lá. Perdi o dia e eu tenho nove filhos para sustentar. Brasileiro sofre viu", disse.

    A reportagem da Folha flagrou manifestantes forçando a parada de ao menos cinco ônibus que não participavam do protesto. Os manifestantes começaram a gritar e mandar eles pararem próximo ao Largo do Paissandu.

    Sônia Aparecida Silva, 46, estava dentro de um dos ônibus que foram forçados a parar. "Eu estava voltando para casa e tive que descer porque o ônibus parou. Agora não sei o que vou fazer. Se eu não conseguir pegar o metrô não tenho como voltar", disse.

    Adriano da Silva Barbosa, 37, também reclamou do protesto. "Todo mundo tem o direito de reivindicar, mas poderia pressionar de outro jeito porque os protestos atingem o povo e não os grandes, que são quem eles deveriam atingir", desabafou Barbosa.

    Uma fila de coletivos se formou nas avenidas Rio Branco e São João e também próximo ao Largo Paissandu, na região central. Os motoristas ainda bloquearam a entrada dos terminais Pinheiros, zona oeste, e Pirituba, zona norte da cidade.

    De acordo com o sindicato da categoria, trata-se de um protesto de um grupo dissidente que não concorda com o acordo salarial fechado com as empresas de ônibus. A proposta acordada com as companhias prevê um reajuste salarial de 10%, além de aumento nos valores do vale-refeição e na participação nos lucros.

    Atualmente, o piso salarial de motoristas é de R$ 1.955, e o de cobradores, R$ 1.130. A proposta de reajuste salarial foi aprovada pela categoria em assembleia esta semana.

    Os manifestantes pedem pelo menos 33% de reajuste, além de vale-refeição de R$ 22 –o valor atual é de R$ 15,30– e melhorias na cesta básica e no plano de saúde da categoria.

    A SPTrans informou, por meio de nota, que a Polícia Militar foi acionada e que vai solicitar ao Ministério Público a apuração das responsabilidades sobre as paralisações registradas na manhã desta terça-feira. "A SPTrans repudia com veemência os fatos ocorridos, como a retirada de chaves dos coletivos, impedindo sua circulação, considera os atos sabotagem ao sistema e irá agir com o rigor necessário à apuração e punição dos envolvidos e responsáveis", informou a nota.

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