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    Empresas recolhem ônibus parados em SP; grupo ameaça manter greve

    DE SÃO PAULO

    20/05/2014 21h39

    Empresas de ônibus que foram afetadas pela paralisação nesta terça-feira (20) começaram a recolher os coletivos espalhados pela cidade por volta das 21h. Quinze dos 16 terminais que estavam interditados também foram liberados. A cidade tem, ao todo, 28 terminais.

    Grande parte dos coletivos que circulam na capital paulista passaram o dia parados em terminais e corredores de ônibus. Com isso, algumas estações de metrô e trem ficaram lotadas e o trânsito na cidade foi o maior do ano, chegando a 261 km. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o índice supera o recorde anterior de 258 km de congestionamento, registrado em 17 de abril.

    Para impedir a saída de ônibus, os manifestantes chegaram a esvaziar pneus e retirar as chaves dos coletivos. O prefeito Fernando Haddad comparou a ação do grupo a uma guerrilha, em entrevista a TV Bandeirantes. "É uma guerrilha inadmissível. Como você entra no ônibus e manda passageiro descer?", afirmou ele.

    O secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, disse durante a tarde que ao menos 250 mil pessoas foram afetadas diretamente pela greve.

    O rodízio de veículos também foi suspenso durante o período da tarde. Foram mantidos apenas as proibições de circulação nos corredores e faixas exclusivas de ônibus nos horários regulamentados, bem como a Zona Azul e a ZMRC (Zona de Máxima Restrição à Circulação de Caminhões).

    A CET disse que a suspensão do rodízio na manhã de quarta ainda não está definida e depende da paralisação dos ônibus. Já a SPTrans afirmou que acionou a Polícia Militar para tentar garantir a circulação dos ônibus.

    Após a retirada de alguns ônibus das ruas, os motoristas e cobradores que iniciaram a paralisação afirmaram que os coletivos que forem recolhidos não sairão das garagens na quarta-feira e os que permanecerem nas ruas ficarão parados, caso o sindicato da categoria não reinicie as negociações salariais com as empresas.

    Os manifestantes, que prometem permanecer no largo do Paissandu na madrugada, são dissidentes do sindicato da categoria, e discordam do resultado de uma assembleia promovida ontem aceitado a proposta de reajuste das empresas de ônibus. O sindicato, por sua vez, diz que não reabrirá as negociações.

    Apenas o terminal Lapa permanecia fechado na madrugada desta quarta-feira.

    Haddad disse em coletiva na noite desta terça que a paralisação foi "inesperado" e é "injustificável" e "inadmissível". A prefeitura de São Paulo também anunciou que irá acionar o Ministério Público de São Paulo para que seja instaurado inquérito civil que apure as motivações e os responsáveis pelo movimento.

    DISPUTA

    Segundo o sindicato da categoria, trata-se de um protesto de um grupo dissidente que não concorda com o acordo salarial fechado com as empresas de ônibus. A proposta acordada com as companhias prevê um reajuste salarial de 10%, além de aumento nos valores do vale-refeição e na participação nos lucros.

    "A gente conseguiu uma luta que vinha realizando há mais de 10 anos, que é a insalubridade e o direito dos trabalhadores se aposentarem aos 25 anos de trabalho. Isso é uma conquista de 10 anos. A categoria teve o direito reconhecido. Além disso, tivemos 10% de aumento, o tíquete foi para R$ 16,50, a nossa cesta básica que era fornecida pelas empresas de péssima qualidade será melhorada", afirmou Francisco Xavier da Silva Filho, diretor executivo do sindicato dos motoristas.

    Atualmente, o piso salarial de motoristas é de R$ 1.955, e o de cobradores, R$ 1.130. A proposta de reajuste salarial foi aprovada pela categoria em assembleia nesta segunda-feira (19). Os manifestantes pedem um reajuste de pelo menos 33%, vale refeição de R$ 22 –atualmente o valor é de R$ 15,30– e melhorias na cesta básica e plano de saúde da categoria.

    "A gente fez uma paralisação sem líder, começamos aqui [largo do Paissandu] e automaticamente foi tudo parando, se avisando por telefone, porque tá todo mundo insatisfeito. Todos pela mesma causa. A gente quer 33% de reajuste salarial, R$ 22 de tíquete, R$ 1.500 de PL [participação nos lucros], melhores condições de trabalho, uma cesta básica decente, carga horária ajustada para fazer os percursos das viagens, convênio médico melhor porque o nosso é pior do que hospital público", diz Sidney Santos, 29, motorista e manifestante.

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