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    Homenagem às vítimas do Air France 447 reúne 200 pessoas em Paris

    GRACILIANO ROCHA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

    01/06/2014 18h17

    Uma cerimônia reuniu cerca de 200 pessoas neste domingo (1°) para celebrar a memória das 228 vítimas do voo Air France 447, no cemitério Père-Lachaise, em Paris. A aeronave caiu no Oceano Atlântico há cinco anos.

    Em um tom bastante sóbrio, o ato ocorreu em frente ao memorial, onde estão gravados os nomes de todos os passageiros e tripulantes do voo Rio-Paris, e durou cerca de 40 minutos.

    Na celebração ecumênica, um padre, um pastor evangélico, um rabino e um pregador muçulmano se revezaram no púlpito instalado no cemitério em breves homilias religiosas em homenagem aos mortos.

    Véronique Hamayon, chefe de gabinete do secretário dos Transportes da França, disse que o governo francês está engajado em mudanças para aumentar a segurança do tráfego aéreo internacional. Ela disse que a França defende novas regras da Organização Internacional da Aviação Civil.

    "O nosso objetivo é que outras famílias não tenham de conhecer a mesma dor de vocês. Por essa razão, a França quer uma regulamentação ainda mais estrita em matéria de segurança, sobretudo na transmissão de dados a bordo, como o uso de um gravador que seja ejetável, em caso de urgência", disse a representante do governo.

    Presente ao ato, o presidente da Air France, Fréderic Gagey, expressou as condolências da companhia em relação aos aos familiares de vítimas. Familiares também fizeram breves discursos em francês, inglês e alemão homenageando os mortos.

    Os nomes de todas as 228 vítimas foram lidos por dois oradores escolhidos entre as famílias. Após o encerramento da cerimônia, familiares depositaram flores ao pé do memorial erguido no Père-Lachaise.

    "O que eu mais gostaria é que tantas recomendações feitas para aumentar segurança nos voos se tornassem realmente obrigações das companhias aéreas", disse a francesa Corinne Soulas, que perdeu uma filha no desastre.

    À ESPERA DE JUSTIÇA

    A espera por Justiça ainda está longe de terminar. O processo aberto em 2009 pela juíza de instrução Sylvia Zimmermann só deve ser concluído no segundo semestre de 2015 ou em 2016, de acordo com advogados e representantes de associações de parentes de vítimas ouvidos pela Folha.

    No mês passado, a disputa judicial travada pela Air France e a Airbus, fabricante do A-330, alcançou um novo grau de tensão com a finalização de uma contra-análise que aponta as falhas dos pilotos da Air France como fatores principais para a tragédia.

    A contra-análise foi feita a pedido da Airbus para contrapor uma primeira perícia judicial de 2012 que apontava problemas técnicos do avião como preponderantes para o acidente.

    Em 2012, o primeiro relatório dos peritos enfatizou os problemas das sondas Pitot AA (sensores de velocidade), que alimentaram os instrumentos confundindo os pilotos, como o marco inicial da tragédia.

    A presidente da associação de familiares de vítimas francesas, Danièle Lamy disse que ainda tem esperança de ver a Justiça ser feita e os responsáveis, punidos.

    "A grande questão é que antes do AF-447 houve dezenas de incidentes com as sondas Pitot. Depois do acidente, elas foram substituídas em todos os aviões e não houve mais panes como essa. Talvez se isso tivesse sido feito antes, nós não estaríamos hoje participando de uma cerimônia de homenagem às vítimas", disse Lamy.

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