Um grupo de manifestantes sem-teto invadiu a sede da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado de São Paulo) por volta das 16h30 desta segunda-feira (2). O prédio fica na rua Boa Vista, no centro da cidade.
Mais cedo, os sem-teto marcharam e interditaram várias vias da região central, como a avenida Paulista e a rua da Consolação.
Eles fazem parte da Rede Extremo Sul, movimento que ocupa um terreno da CDHU no Jardim Varginha, no Grajaú (zona sul), há cerca de oito meses.
Em nota, a coordenação do movimento diz que os sem-teto foram "surpreendidos com a intimação de reintegração de posse e a ameaça de despejo iminente". A intimação determina que eles deixem a área em cinco dias, prazo que vence amanhã.
O que estava combinado com a CDHU, de acordo com o movimento, é que os sem-teto ficariam no terreno receberem moradia popular, no máximo até o fim do ano.
Eles reivindicam que a ordem seja suspensa e que não haja reintegração de posse. No local, vivem aproximadamente 1.500 pessoas. Segundo o movimento, mil delas estão neste momento no prédio da CDHU, inclusive crianças.
A CDHU diz que a "área ocupada se destina à construção de 517 unidades habitacionais para atendimento à demanda do município de famílias de áreas de mananciais".
Segundo a companhia, a obra já está licitada e aguarda aprovação da prefeitura e do Graprohab (Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais do Estado) para começar.
OCUPA CDHU
Até as 19h20, o clima era pacífico dentro da sede da CDHU. Os sem-teto levaram colchões e até fogão para o edifício, que teve água e ar-condicionado cortados.
Eles retiraram as bandeiras do Brasil e do Estado de São Paulo e hastearam a do movimento na fachada do prédio. Há jovens tocando bateria e jogando vôlei no local. A rua Boa Vista está fechada.
Dentro, os sem-teto penduraram uma cartaz que simula um mandado de despejo à CDHU.
No início da noite de hoje, a direção da companhia se reuniu com lideranças do movimento. Em nota, o órgão estadual diz que "está à disposição para auxiliá-los [sem-teto], juntamente com a municipalidade, na viabilização de atendimento habitacional para o grupo."
Segundo o texto, tanto CDHU como prefeitura "procuram terreno para a construção do empreendimento" para o grupo.