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    Para enganar ladrão, vítima compra réplica de iPhone para levar na bolsa

    FELIPE SOUZA
    DE SÃO PAULO

    14/06/2014 02h00

    Depois do "dinheiro do ladrão", aquela pequena quantia "reservada" pelo cidadão para o assaltante levar, agora é a vez do "celular do ladrão".

    A estratégia para enganar o bandido é parecida: em vez do iPhone, por exemplo, que pode custar até R$ 3.599, a vítima entrega uma réplica.

    Na galeria Pajé, região central da capital paulista, cópias do novo iPhone 5S -a versão top- custam R$ 200.

    Raquel Cunha/Folhapress
    A consultora de investimentos Raíssa Andrade, 21, com a réplica de seu iPhone
    A consultora de investimentos Raíssa Andrade, 21, com a réplica de seu iPhone

    A tática vem num momento de aumento da violência. O número de roubos cresceu no Estado pelo 11º mês seguido. E um em cada cinco casos neste ano (ou 18,4%) teve como alvo apenas o celular.

    Depois de ter dois aparelhos roubados no Morumbi, área nobre da zona oeste, a consultora de investimentos Raíssa Andrade Fernandes, 21, adotou a tática de ter o "celular do ladrão".

    "Fui levar minha irmã que mora em Honduras para conhecer a Pajé e vi que vendiam um iPhone igual o meu por R$ 150. Comprei e deixei no fundo da minha bolsa", disse.

    Em maio, ela caminhava à noite com uma amiga no Morumbi quando um jovem anunciou o assalto. Ordenou que lhe entregasse a bolsa.

    Para tentar ganhar tempo, Raíssa disse que não estava entendendo o que ele dizia. O rapaz então afirmou que estava armado e pediu o celular.

    "Coloquei a mão na bolsa e entreguei o aparelho falso. Quando ele fugiu, me deu uma sensação muito boa. Pensei: para bandido me assaltar tem que ser mais bandido do que eu", conta ela, rindo.

    APARELHO VELHO

    Felipe Souza/Folhapress
    Réplica do iPhone comprada na galeria Pajé por R$ 150
    Réplica do iPhone comprada na galeria Pajé por R$ 150

    As réplicas são muito parecidas com os originais. Só dá mesmo para perceber a diferença ao ligar o aparelho -o sistema operacional é o Android, em vez do iOS.

    A produtora Anne Trevisan, 28, não comprou um aparelho novo, mas tem usado a mesma técnica.

    "No ano passado, uma adolescente tentou me assaltar enquanto eu mexia no celular quando parei no semáforo na Vila Mariana [zona sul de São Paulo]. Desde então, coloco meu iPhone na bolsa que guardo embaixo
    do banco e deixo à mostra um celular mais velho e uma carteira com R$ 20", disse.

    "Graças a Deus", afirma Anne, não foi preciso entregar nenhum deles.

    Colaborou ISABEL KOPSCHITZ

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