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    Rádio paranaense cria programa voltado a haitianos no Brasil

    LUIZ CARLOS DA CRUZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE CASCAVEL (PR)

    15/06/2014 03h41

    Quem sintonizar o rádio em um domingo à noite em Cascavel (PR) corre o risco de se deparar com músicas e locuções em francês, créole, inglês e até português.

    Desde o início do mês, a comunidade de cerca de 1.300 haitianos que vive na cidade, a 498 km de Curitiba, tem uma nova forma de comunicação com os familiares que estão no país caribenho e com os demais conterrâneos espalhados pelo Brasil.

    O "Haiti Universal" é um programa veiculado em uma rádio local. Iniciativa da Norte FM em parceria com a Igreja Anglicana, vai ao ar todos os domingos, das 20h às 21h.

    Também pode ser ouvido no site www.nortefm.com, em qualquer lugar do mundo, como no Haiti.

    No domingo (8), quando a Folha acompanhou o programa, a sessão musical foi aberta com a canção gospel "Pawol La" ("As palavras"), do haitiano Gazzman Couleur.

    Segundo os apresentadores, a música traz conforto em momentos de saudades da terra natal.

    Luiz Carlos da Cruz/Folhapress
    Haitianos comandam programa de rádio voltado a conterrâneos no interior do Paraná
    Haitianos comandam programa de rádio voltado a conterrâneos no interior do Paraná

    Todas as canções tocadas ao longo do programa são haitianas e chegam ao estúdio em pendrives nas mãos dos quatro "radialistas": Fenet Saintilus, 24, Marc Andre Laguerre, 37, Obed Dort, 26, e Marcelin Geffrard, 36.

    Quem comanda o programa é Geffrard, que morou ilegalmente nos EUA por 17 anos até ser deportado.

    Ele fala cinco línguas: inglês, francês, português, espanhol e o nativo créole.

    Para divulgar a programação entre os conterrâneos que vivem no Brasil e tentar aumentar a audiência pela internet, o grupo usa as redes sociais, mensagens de textos e o telefone. "Eles dão apoio, estão escutando", diz Geffrard sobre os conterrâneos.

    A ideia do projeto, que ainda está sendo formatado, é manter a tradição e a cultura haitianas vivas entre os imigrantes e também permitir a interação entre refugiados com os parentes no Haiti.

    Os novos radialistas se conheceram e se tornaram amigos na cidade paranaense.

    Laguerre, Dort e Saintilus chegaram ao Brasil há menos de oito meses.

    Laguerre é casado e trabalha na construção civil, enquanto os outros dois são colegas em um frigorífico da cidade paranaense.

    Geffrard veio primeiro, em 2012. Foi na viagem ao Brasil em busca de oportunidades que ele conheceu a mulher, também haitiana.

    Formado em pedagogia e com dois anos de estudos de engenharia civil, ele trabalha como cobrador de ônibus, mas pretende dar aulas particulares de inglês no futuro.

    REFÚGIO

    Diariamente, a delegacia da Polícia Federal em Cascavel encaminha ao Ministério da Justiça três pedidos de refúgio, mas a procura é bem maior: de 30 a 40 haitianos buscam o serviço por dia.

    Os excedentes ficam em uma lista de espera –o visto de refugiado pode demorar até um ano e meio para sair.

    Dos 1.300 haitianos que vivem em Cascavel, 405 já conseguiram a documentação, segundo a Polícia Federal.

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