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    Prédio dos Jardins, a duas quadras da Paulista, é invadido por sem-teto

    REGIANE TEIXEIRA
    DE SÃO PAULO

    15/06/2014 03h00

    Um prédio de apartamentos da rua Pamplona, no Jardim Paulista, área nobre da zona oeste de São Paulo, foi invadido por um grupo de 150 sem-teto durante a abertura da Copa, na quinta (12).

    O edifício Vicente Gravina, que continuava invadido na tarde deste sábado (14), está localizado a duas quadras da avenida Paulista, uma das áreas de maior valorização imobiliária da cidade.

    A invasão foi feita pelo MMRC (Movimento de Moradia da Região do Centro) às vésperas do jogo do Brasil, às 16h20. Segundo os organizadores, 20 crianças também foram levadas para lá.

    O prédio, dizem eles, estava vazio havia mais de cinco anos. Três famílias serão colocadas em cada um dos 29 apartamentos. A imobiliária responsável pelo imóvel estava fechada neste sábado –a Folha não localizou os donos.

    "Vamos ficar até quando conseguirmos", diz Guilherme Land, 28, desempregado, formado em comunicação social, um dos coordenadores do MMRC, ao lado do músico e cineasta Andy Marshall, 27.

    "A escolha desse prédio é por estar nesse bairro. Hoje já existem muitas ocupações no centro e há um imaginário coletivo que criminaliza tudo naquela região. Trouxemos nossa luta para um bairro onde não podem nos ignorar", afirma.

    O preço do metro quadrado na região chega a superar R$ 10 mil, segundo anúncios imobiliários. Os apartamentos invadidos, com dois dormitórios e quarto de empregada, além de vaga de garagem, têm uma área próxima de 100 m² e podem valer mais de R$ 1 milhão.

    De acordo com a prefeitura, trata-se de um imóvel particular que não está inscrito na dívida ativa municipal –isso ocorreria, por exemplo, em caso de dívidas de IPTU.

    O Movimento Passe Livre –que ficou conhecido após liderar os protestos pela redução da tarifa de transporte em junho de 2013– e o coletivo de artistas Andróides Andrógenos, que participou da invasão de um prédio na rua do Ouvidor, em 1º de maio, apoiaram a ação do MMRC.

    Segundo Marshall, os vizinhos do edifício invadido nos Jardins estavam "curiosos e simpáticos". "Já vieram comerciantes apoiar, dizer que tem que ocupar mesmo. Funcionários de loja da rua vieram perguntar como faz para se cadastrar", contou.

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