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    Em noite de protesto, sem-teto passam frio, mas têm internet

    ARTUR RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    26/06/2014 02h00

    Na fachada da Câmara Municipal, o brasão da cidade de São Paulo com os dizeres em latim "non ducor duco" ("não sou conduzido, conduzo") foi tapado pela bandeira vermelha do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).

    E, apesar da irritação de vereadores com a pressão pela votação do Plano Diretor, os sem-teto não pretendiam desmontar o acampamento em frente à Câmara nesta quarta (25). Com o viaduto Jacareí interditado, a frente do prédio foi tomada por barracas de saco de lixo. Cozinhas e banheiro foram improvisados.

    Avener Prado/Folhapress
    Segunda noite do acampamento do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto)em frente à Câmara Municipal de São Paulo
    Segunda noite do acampamento do MTST em frente à Câmara Municipal de São Paulo

    A reivindicação do movimento é transformar um terreno em Itaquera (zona leste) em área para moradia social.

    A cozinheira Rose da Silva, 43, armou a rede entre duas árvores e passou a noite do lado de fora. "Não saio daqui até eles votarem", disse.

    Quem dormiu do lado de dentro reclamou do ar condicionado. "Não deixaram nem entrar com o cobertor e ligaram o ar no máximo para a gente passar frio", disse o controlador de acesso Gilson Pinheiro, 46.

    Em compensação, a senha do wi-fi, para usar internet, foi liberada e um vereador pagou sanduíche e refrigerante.

    A auxiliar de cozinha Maria da Conceição Faustino, 59, conseguiu permissão para faltar ao trabalho para protestar. "Preciso parar de pagar metade do meu salário [R$ 800] de aluguel", disse.

    Na noite de quarta, o grupo se preparava para mais uma madrugada fria. Dentro e fora da Câmara.

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