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    Príncipe Harry causa tumulto na região da cracolândia

    GABRIELA MANZINI
    ARETHA YARAK
    DE SÃO PAULO

    26/06/2014 10h15

    O dia amanheceu tumultuado nesta quinta-feira (26) na cracolândia, no centro de São Paulo. O motivo foi a visita do príncipe Harry, 29, da Inglaterra, que mobilizou a mídia e o policiamento desde cedo.

    "Se o príncipe vier aqui no meio dos noias [os usuários] e beijar a minha mão, eu paro de usar crack agora", brincou uma dependente.

    Quarto na linha sucessória do trono britânico, Harry visitou, ao lado do prefeito Fernando Haddad (PT), as instalações do programa Braços Abertos. O projeto da prefeitura busca reabilitar dependentes químicos da cracolândia oferecendo trabalho, moradia e alimentação.

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    Ele chegou com a comitiva pela praça Júlio Prestes e, em seguida, circulou a pé pela região. Sua primeira parada foi para conhecer o micro-ônibus usado pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) para monitorar a área com câmeras de vídeo.

    Depois, entrou na sede do programa homônimo da prefeitura na área. Lá, conversou por poucos minutos com o usuário Evandro Martins da Silva Junior, 28, com a ajuda de uma tradutora. "Sei que ele já fumou maconha", disse.

    Enquanto isso, alguns usuários, pegos de surpresa com a visita, tentavam entender a movimentação de pessoas. "William, William!", gritava Fábio Pereira da Silva, 33, usuário que participa do programa municipal. "Que príncipe é esse?", perguntava, confundindo Harry com o irmão mais velho. "Por que não nos mandaram logo uma princesa?"

    Outros se divertiam com a eliminação da seleção da Inglaterra da Copa do Mundo. "Um príncipe da Inglaterra aqui? Mas a Inglaterra não foi eliminada?", brincavam.

    TUMULTO

    O trajeto do britânico pela região desviou do chamado "fluxo", ponto de maior concentração de usuários, localizado na esquina da alameda Cleveland com a rua Helvétia. O local reunia, na manhã desta quarta, mais de 50 pessoas.

    O desvio foi feito para evitar tumulto, já que os viciados costumam atirar pedras e paus em câmeras fotográficas e de filmagem –e a visita atraiu dezenas de jornalistas brasileiros e britânicos.

    O encontro direto foi evitado, mas alguns cinegrafistas acabaram tendo as câmeras estapeadas por poucos usuários que se revoltaram por estarem sendo filmados.

    "Achei uma falta de respeito essa visita. A pessoa vem aqui visitar a gente, mas não deixam a gente chegar perto? Que tipo de visita é essa?", reclamava uma dependente que não conseguiu se aproximar de Harry.

    A visita do príncipe Harry foi encerrada antes do previsto em função de um tumulto causado por curiosos, dependentes químicos e jornalistas. Ele deixou de visitar o Largo Coração de Jesus, onde funciona a base comunitária da Polícia Militar.

    "O príncipe é muita 'humildade'", disse Marcos Vinicius, 21, frequentador da região há cinco anos. "Ele veio lá do outro lado [do mundo] conhecer o lado feio de São Paulo. Aqui é a boca do lixo."

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