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    Vereadores desistem de votar Plano Diretor nesta sexta-feira (27)

    ARTUR RODRIGUES
    LEANDRO MACHADO
    DE SÃO PAULO

    27/06/2014 20h07

    A tentativa da bancada do prefeito Fernando Haddad (PT) votar o Plano Diretor na noite desta sexta (27) terminou em briga entre dois vereadores. A votação acabou sendo adiada para segunda (30).

    A confusão aconteceu durante o congresso de comissões para aprovar o plano. Membro da oposição, o vereador Eduardo Tuma (PSDB) pretendia apresentar um voto de cerca de 500 páginas, que obstruiria a votação - já seria necessária a leitura do calhamaço ou a publicação do texto.

    Dalton Silvano (PV), da bancada governista, queria impedir a manobra.

    "O vereador Dalton queria impedir a apresentação desse voto aditivo porque sabia que se isso acontecesse o congresso iria cair, iria cair a sessão e não daria prosseguimento a qualquer sessão hoje", conta Tuma. "Foi entregue o voto na mão dele e ele queria segurar o voto. Eu falei: não vai segurar."

    Silvano empurrou Tuma e começou a gritar: "Cuzão, cuzão, não vai tirar papel da minha mão. Está no primeiro mandato". Os outros parlamentares o seguraram (veja no vídeo abaixo).

    Veja vídeo
    Nesse momento, a população que estava nas galerias da câmara - principalmente movimentos sem-teto - virou as costas para o plenário em protesto.

    "Eu particularmente vou relevar qualquer coisa que foi dita, é um colega de parlamento. Da mesma forma que eu acho que foi um pouco exacerbado. Podia ter sido diferente", disse.

    A reportagem tentou falar com Silvano, mas ele não se manifestou.

    Após a confusão, a bancada governista entrou em um acordo com a oposição. A tentativa de votação do plano seria adiada, e o PSDB não tentaria obstruir mais a votação na segunda.

    Depois disso, o Plano Diretor passou por todas as comissões necessárias.
    De acordo com o vereador Alfredino (PT). "A oposição apresentou um calhamaço muito grande que seria lido inteiro. Se fosse para ler esse calhamaço inteiro, a gente sairia votaria depois da meia-noite", disse.

    Questionado sobre a briga entre vereadores, Alfredinho afirmou que "é normal" haver esse tipo de problema em parlamentos. "Isso é adrenalina", disse. "Vocês já viram isso em Brasília, aqui já aconteceram outras
    vezes."

    Ao longo dessa sexta-feira, vereadores tentavam negociar a forma como seria votado o projeto que define as diretrizes urbanísticas para o crescimento da cidade nos próximos 16 anos.

    Parte dos parlamentares chegou a propor, inclusive, que o projeto fosse votado separadamente das 117 emendas apresentadas pelos vereadores.

    Os vereadores ainda tentavam transformar o terreno Copa do Povo, ocupado pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), em área destinada a moradia popular.

    Mais cedo, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), que tem 300 integrantes acampados em frente à Câmara desde terça (24), afirmou que continuará pressionando para que o plano seja aprovado. "O Plano
    Diretor já demorou nove meses aqui na Câmara. Qualquer novo adiamento é uma coisa que só podemos lamentar.", disse o coordenador do movimento, Guilherme Boulos.

    Ele afirmou que o acampamento do MTST permanecerá por prazo indeterminado na frente da Câmara até que seja feita a votação. Os sem-teto cobram a transformação em área de moradia popular de um terreno
    invadido em Itaquera (zona leste), apelidado de Copa do Povo.

    Nesta sexta, além dos integrantes do MTST, estiveram em frente da câmara outros movimentos de moradia como FLM (Frente de Luta por Moradia), CMP (Central de Movimentos Populares) e União dos Movimentos de
    Moradia.

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