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    Skinheads são condenados por tentar matar quatro pessoas em SP

    ADRIANA FARIAS
    DE SÃO PAULO

    03/07/2014 20h39

    Após três dias de júri, três skinheads de vertente neonazista foram condenados à prisão, na noite desta quinta (3), por tentarem matar quatro homens em 2011. Cabe recurso.

    Eles haviam respondido ao processo em liberdade e saíram presos do fórum da Barra Funda (zona oeste de SP).

    O crime ocorreu durante ato contra a homofobia e o racismo realizado pelo Movimento Anarcopunk de São Paulo, no centro. As vítimas -entre elas, um deficiente físico- foram feridas com tacos e facas.

    Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo, Jorge Gabriel Gonzalez, 23, foi condenado a 16 anos e sete meses de prisão. Milton Gonçalves do Nascimento Junior, 23, foi sentenciado a 18 anos e sete meses. E Rogério Moreira, 26, a 21 anos e cinco meses.

    As penas incluem tentativas de homicídio, lesões corporais e formação de quadrilha armada. Os três réus foram absolvidos do crime de corrupção de menor.

    À época, um adolescente de 17 anos, que também fazia parte do grupo, foi internado na Fundação Casa, onde permaneceu por um ano após o crime.

    De acordo com o tribunal, Raphael Luiz Dierings, outro acusado, morreu há quatro meses antes de ser julgado. O julgamento foi composto por um júri de sete pessoas (seis homens e uma mulher).

    'ATEMORIZADAS'

    "[Os condenados são] adeptos a grupos que disseminam discriminação entre pessoas, contra objetivo fundamental da República Federativa do Brasil", afirmou na sentença o juiz Fernando Oliveira Camargo.

    "As vítimas de tentativa de homicídio estão vivas e atemorizadas, razão pela qual se mostra inadequado manter os acusados em liberdade. Trata-se ainda de crime de ódio que justifica ainda mais a segregação cautelar dos acusados", prossegue o texto.

    As vítimas são Márcio Silva de Oliveira, Silvio Rodrigues Moreira, Isaías Lazaro Lopes e Danilo Vilela Macedo -as idades não foram informadas. O ato do qual participavam era uma homenagem ao adestrador de cães Edson Neris da Silva, homossexual espancado até a morte há 14 anos na praça da República, no centro de São Paulo.

    Oliveira, negro e deficiente físico, declarou que o grupo o agrediu com tacos e tentou arrancar a prótese que usa na perna. Lopes afirmou que, ao se esquivar de uma facada no pescoço, acabou ferido na testa e teve o crânio perfurado. Macedo foi atingido por uma faca no braço e Moreira levou uma facada no abdome.

    Ao prender o grupo em flagrante, a Polícia Militar apreendeu canivetes, facas, soco inglês e uma espingarda de chumbinho.

    Segundo o TJ, a defesa afirmou que os réus não atacaram as vítimas e que foram perseguidos por elas quando passavam pela região. As facadas foram deferidas em legitima defesa, segundo eles, depois que se viram encurralados.

    De acordo com o Ministério Público, o grupo foi identificado como skinheads de vertente neonazista pelos objetos que portavam, como símbolos nazistas, e pelos perfis em redes sociais. Essa ramificação da cultura skinhead prega o antissemitismo e a xenofobia.

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