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    Moradores se unem contra novos prédios ao lado do parque Burle Marx

    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    10/07/2014 02h00

    Os planos de construção de dois empreendimentos na vizinhança do parque Burle Marx abriram uma disputa entre moradores do Panamby, na zona sul de São Paulo, e as construtoras, donas dos terrenos ainda preservados.

    Temendo a retirada de árvores, a degradação da área de mata atlântica nativa às margens do rio Pinheiros e a perda de sombra e de vagas de estacionamento do parque, vizinhos e ambientalistas recolheram em quatro meses mais de 5.000 assinaturas contra os dois projetos.

    Agora, pressionam a Prefeitura de São Paulo e o Ministério Público para que eles não sejam liberados.

    Nas duas áreas em questão, os moradores estimam haver mais de 5.000 árvores.

    O caso levou à abertura de dois inquéritos na Promotoria para apurar a situação dos empreendimentos.

    Os projetos da Cyrela e da Camargo Corrêa ainda estão em fase inicial e dependem de autorizações dos órgãos públicos, inclusive os ambientais, para serem feitos.

    As empresas não revelam detalhes dos empreendimentos, mas dizem que eles seguirão toda a legislação.

    Editoria de Arte/Folhapress

    TORRES

    Um deles está previsto pela Cyrela para ser erguido em um terreno vizinho ao local, onde hoje existe um estacionamento particular para os usuários -cuja área pertence à construtora.

    O projeto foi apresentado ao conselho administrativo do Burle Marx. Apesar de público, o parque, inaugurado em 1995, é administrado por uma fundação privada.

    A previsão é que seis torres sejam feitas entre a marginal Pinheiros e a parte principal da área de lazer do parque.

    O segundo empreendimento, da Camargo Corrêa, é planejado em uma área em frente à entrada principal do parque Burle Marx, do outro lado da avenida Dona Helena Pereira de Moraes.

    O botânico Ricardo Cardim fez um laudo a pedido de moradores afirmando que a região tem os únicos trechos remanescentes na capital paulista de várzeas e florestas inundáveis do rio Pinheiros.

    "A área avaliada contempla diversos elementos importantes da biodiversidade original da cidade de São Paulo", escreveu.

    A ONG SOS Mata Atlântica encampou a mobilização contra os novos prédios.

    O advogado Roberto Delmanto Jr., morador do bairro e um dos líderes da mobilização, diz haver possibilidade de os prédios barrarem a luz do sol, deixando a vegetação do Burle Marx na sombra.

    "Essa sombra vai acabar com a praça central do parque, usada por todos os usuários do local."

    O QUE DIZEM AS CONSTRUTORAS

    O parque Burle Marx, única área verde da região, não corre nenhum risco, segundo as construtoras donas dos terrenos vizinhos ao espaço de lazer no Panamby, na zona sul da capital paulista.

    De acordo com a Cyrela, todas as leis ambientais serão rigorosamente seguidas.

    A empresa afirma que seu projeto não prevê intervenções em áreas de proteção permanente ou de nascentes.

    Sobre o terreno do estacionamento, a construtora diz que haverá vagas públicas em seu empreendimento para os usuários do Burle Marx.

    Ainda segundo a nota divulgada pela Cyrela, as torres não vão causar nenhuma sombra sobre a praça central do parque, onde a maioria dos frequentadores se diverte.

    A construtora Camargo Corrêa também afirma que vai cumprir toda a legislação ambiental. Ela diz que não haverá destruição de áreas de preservação permanente.

    Segundo a empresa, um primeiro projeto feito para seu terreno foi abandonado. Agora, um novo uso do espaço está sendo planejado.

    Os dois projetos precisam das autorizações dos órgãos públicos, inclusive os ambientais, para serem feitos.

    Nenhum, até agora, foi enviado de forma oficial à prefeitura, dizem as construtoras.

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