Aos 96 anos e 363 dias, Adelci Paulino foi reconhecida pelo "Guinness World Records", o livro dos recordes, como a violinista mais velha em atividade no mundo. Ela, porém, foi ainda mais longe, completando quase um centenário de vida e umas oito décadas de dedicação à música.
Incentivada pela mãe, Rosa, começou a estudar violino ainda na infância, em Juiz de Fora, cidade mineira onde nasceu. Antes dos 18, mudou-se para o Rio a fim de se aperfeiçoar no então Instituto Nacional de Música.
Aproveitava as horas de folga do curso para tocar na tradicional confeitaria Colombo, frequentada por políticos e artistas, entre outras personalidades da época.
Ainda no Rio, conheceu Oswaldo, um estudante de medicina que depois a levou para morar em Santos (SP), após o casamento, em 1940.
Adelci então ajudou a fundar a sinfônica municipal da cidade, da qual fez parte até o fim da vida, e o Quarteto de Cordas Martins Fontes. Na orquestra, era o "spalla", segundo músico na hierarquia interna, depois do maestro.
Além de acompanhar a sinfônica pelo país, atuou como solista e ao lado de diversos maestros. Gravou até um CD para comemorar 60 anos de casamento —um presente para a família, dizia.
Foi responsável pela iniciação musical dos três filhos. Ricardo tornou-se pianista profissional, mas Oswaldo e Eduardo, apesar de terem seguido outras profissões, também tocam piano.
Morreu no sábado (5), aos 99 anos, de falência de múltiplos órgãos. Viúva desde 2006, deixa, além dos filhos, cinco netos e dois bisnetos.