Pedro Campana Netto não tolerava desrespeito. Se visse alguém estacionando irregularmente em uma vaga para deficiente ou encontrasse um comércio sem fila preferencial, por exemplo, não ficava quieto. Chamava até a polícia se fosse necessário.
Certa vez, durante uma campanha eleitoral, encontrou o jardim de casa cheio de "santinhos" de vereador de São Paulo que tentava a reeleição. Pegou todos os papéis, colocou em um envelope e mandou para o gabinete do político com uma carta recheada de queixas.
Para os amigos, Pedro era um cara de "mau humor engraçado e provocativo".
Cresceu na gráfica da família, uma das primeiras a trabalhar com fotolito no Brasil. Talvez influenciado pelo que via, tornou-se publicitário. Foi sócio de agências, sempre exercendo o papel criativo.
Não tinha dúvidas de sua capacidade; trabalhava com disciplina e concentração, qualidades adquiridas no caratê, que praticava desde os 16 anos. "Sensei" (mestre), dava aulas na academia que ajudou a fundar, na
Aclimação, bairro de São Paulo onde nasceu e passou a vida.
Até alguns anos atrás, criava cockers spaniel e, de tão fanático, organizava exposições para cachorros da raça. Era responsável por chamar os juízes e até fazer os troféus. Após a morte dos bichinhos, porém, ficou tão triste que preferiu não ter outros.
Sofreu um infarto enquanto treinava caratê. Morreu na sexta-feira (11), aos 69 anos. Deixa a mulher, Ana Maria. A missa do sétimo dia será realizada às 17h30 desta quinta (17), na igreja Nossa Senhora do Carmo, na
Aclimação.