• Cotidiano

    Sunday, 28-Apr-2024 16:46:52 -03
    Crise da água

    Esvaziamento de lago de Furnas espanta turistas do sul de Minas

    GABRIELA YAMADA
    DE RIBEIRÃO PRETO

    20/07/2014 02h06

    A seca prolongada deste ano tem afetado a piscicultura e o turismo na região do lago de Furnas, chamado de "mar de Minas", que já amarga prejuízo recorde estimado em R$ 30 milhões e faz com que hotéis ameacem fechar.

    A represa atingiu o pior nível para esta época dos últimos 13 anos: está 10,75 metros abaixo da capacidade máxima. As informações são de Fausto Costa, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Lago de Furnas.

    Segundo ele, a seca prejudica setores como o turismo, já que o lago banha 34 municípios do sul de Minas Gerais, além de impactar economicamente outras 16 cidades. A região é refúgio de paulistas nos fins de semana.

    O comitê estima que houve cerca de mil demissões em hotéis, pousadas e restaurantes.

    As localidades banhadas por Furnas têm áreas de camping, pesqueiros, passeios em trilhas e em motos aquáticas, lanchas e barcos.

    Dona do Porto Fazenda Hotel, um dos mais tradicionais, a empresária Valéria Barbosa, 62, afirmou que reduziu em 50% o número de funcionários devido à seca.

    Segundo ela, esta é a pior crise que enfrentou em 25 anos. "Se não melhorar, devo fechar o hotel. Não tem alternativa", disse. Na última semana, apenas um dos 52 quartos estava ocupado.

    O problema também é enfrentado por Fábio dos Anjos Couto, 43, proprietário da Pousada dos Pescadores. "Nunca vivi nada parecido, parece até um pesadelo."

    Já Flávio Cavenaghe, 60, proprietário do Hotel Paraíso das Garças, que também fica às margens da represa, disse que registrou queda de 30% no número de clientes.

    Ele disse ter se prevenido após a região ter enfrentado uma forte seca em 2001 –ano em que o sistema elétrico ficou à beira de um "apagão".

    "O nível do lago reservado para a pesca baixou 13 metros. Investi mais no lazer. Se eu dependesse da pesca, não me sustentaria", disse.

    A pesca é ainda mais prejudicada que o turismo. Com a redução de 50% na pesca em tanque, a estimativa de piscicultores locais é que o prejuízo já chegue a R$ 18 milhões.

    "É assustador ver [o nível]. Tive de arranjar bicos para me sustentar. Perdi quase toda a minha produção", disse Donizete Ramos, 43, que pesca no local há 11 anos.

    Hoje, há cerca de 500 piscicultores na área, segundo o comitê da bacia hidrográfica. Um deles, Francisco Chagas, 54, disse que a previsão é que em dezembro a situação esteja ainda pior. " Uma coisa puxa a outra.

    Não tem peixe, os restaurantes ficam no prejuízo e os clientes não vêm."

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024