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    Família socorrida de escombros ainda não sabe de morte de filho mais novo

    VALTER LIMA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
    EM ARACAJU (SE)
    DANIEL CARVALHO
    DE RECIFE

    20/07/2014 22h07

    A família que ficou soterrada sob os escombros de um prédio que desabou em Sergipe ainda não sabe da morte do filho mais novo, Ítalo Miguel um bebê de 11 meses no acidente.

    Estão internados em situação estável no Hospital de Urgência de Sergipe, o pai, Josevaldo da Silva, 24, que é auxiliar de pedreiro; a mãe, Vanice de Jesus, 31, que é dona de casa e a irmã de ítalo, Ane Gabriele, 8.

    Médicos, psicólogo e os assistentes sociais do hospital decidiram colocar Silva e Vanice numa área isolada -sem acesso a TVs inclusive- até eles se recuperarem completamente. Às 19h, não havia previsão de alta.

    Ítalo morreu poucos minutos depois de ter sido resgatado ao lado da família dos escombros de um prédio que desabou em Aracaju (SE) no dia anterior.

    Kátia Susanna/Portal Infonet
    Bombeiros resgatam criança dos escombros de um prédio, em Aracaju. Minutos depois, a criança morreu
    Bombeiros resgatam criança dos escombros de um prédio, em Aracaju. Minutos depois, a criança morreu

    Os quatro foram levados em macas a equipes do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) no local para os primeiros atendimentos e, de lá, encaminhados para o Huse (Hospital de Urgência de Sergipe), na capital de SE.

    Ainda no prédio, o pequeno Ítalo teve uma parada cardiorrespiratória. A caminho do hospital, não resistiu e morreu de insuficiência respiratória.

    O prédio residencial de três andares estava em construção e em fase de acabamento. Segundo a Prefeitura de Aracaju, o alvará para construção do prédio está regular.
    As causas do desabamento ainda serão apuradas pela Polícia Civil.

    SAUDADES DO FILHO

    Silva era um dos operários da obra e morava no imóvel. Trabalhava no local havia dois meses e, muito apegado ao menino Ítalo, estava ansioso em vê-lo. Por isso, Vanice e as crianças chegaram do interior de Alagoas na última sexta-feira (18).

    Segundo o vigia Rogério Carlos Santos disse à imprensa local, os três planejavam voltar para casa três dias depois -tempo suficiente para o pai matar a saudade do bebê que pouco via desde que se mudou para Aracaju.

    Sem dinheiro para hospedagem, resolveram ficar todos no prédio em construção. Naquela mesma noite, acomodaram-se no térreo do imóvel, onde dormiram num só colchão, de acordo com os bombeiros. À 1h45 do sábado, o imóvel desmoronou.

    Foram salvos porque ficaram presos entre o colchão em que dormiam e a laje do prédio, que acabou escorada em escombros e nas caixas de cerâmica que lá estavam. Nesse espaço, havia apenas 30 cm de altura. "Tanto que o homem [Silva] disse que a distância entre a testa dele e a laje era de dois dedos", afirmou a major Maria Souza.

    Os quatro foram resgatados pelos bombeiros, com ajuda da Força Nacional e da Defesa Civil, por um buraco de 40 centímetros de largura feito na laje, na altura em que estava Ane Gabriele -a primeira a sair dos escombros.

    ORAÇÃO COLETIVA

    Cerca de 200 moradores de Aracaju se aglomeraram em frente ao prédio para acompanhar o resgate feito pelos bombeiros. Assim que cada uma das vítimas saíam pelas macas, o público aplaudia. Quando todos já estavam sendo atendidos pelo Samu, cantaram juntos o "Pai Nosso".

    Vizinhos do prédio disseram que o barulho do desmoronamento foi muito grande. "Quando abri a janela, veio uma grande fumaça e ficamos bem assustados", afirmou a estudante universitária Sabrina Carvalho, que reside em um condomínio localizado na mesma rua.

    As casas próximas ao prédio que desabou e outros imóveis vizinhos não correm risco, pois, segundo o coordenador da Defesa Civil, Erivaldo Mendes, o imóvel desmoronou sobre o próprio eixo.

    Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

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