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    PM utiliza bombas de gás para impedir ocupação de prédio no centro de SP

    MARTHA ALVES
    DE SÃO PAULO

    21/07/2014 04h39

    A PM impediu a ocupação por sem-teto ligados ao MLMD (Movimento de Luta por Moradia Digna) de um prédio comercial de sete andares, na Vila Buarque, região central de São Paulo, na madrugada desta segunda-feira (21).

    O edifício, localizado a uma quadra de uma base da PM, tinha a faixa de uma imobiliária informando que estava para alugar.

    Os policiais militares disseram que estavam em patrulhamento pela região quando viram os sem-teto invadindo por volta da 1h o prédio na rua Doutor Cesário Mota e pediram reforço. Segundo a PM, cerca de 240 pessoas estavam invadindo o local.

    Cerca de 20 minutos depois do grupo entrar no prédio chegaram ao local policiais da Tropa de Chopa da PM. Os sem-teto disseram que ao menos 150 pessoas estavam dentro do prédio e outras 200 do lado de fora.

    Os sem-teto disseram que os policiais jogaram duas bombas de gás lacrimogêneo na entrada do prédio e deram um tiro de bala de borracha na porta. A reportagem da Folha encontrou duas cápsulas deflagradas de gás lacrimogêneo na rua, uma delas com prazo de validade expirado.

    Segundo Ricardo Luciano Lima, líder do movimento, o grupo estava segurando a porta para impedir a entrada da PM e só desistiu porque um bebê começou a passar mal devido ao gás. "Um rapaz, que segurava o bebê, apanhou da polícia", disse. Duas pessoas ligadas a MLMD foram detidas.

    Lima reclamou da "truculência da PM" e disse que o grupo só não apanhou porque a imprensa chegou ao local. Após a confusão, os sem-teto deixaram o local. Policiais permaneceram em frente ao prédio fazendo a segurança.

    Procurada, a PM informou que os policiais tentaram negociar, sem sucesso, com os sem-teto. "Alguns indivíduos montaram uma barreira e tentaram agredir os PMs com pedaços de vidro", diz nota enviada pela PM.

    Ainda segundo a PM, parte do grupo já estava dentro do edifício e outra parte, que estava do lado de fora, teria começado a ultrapassar a área de isolamento montada pelos policiais o que, segundo a PM, teria causado grande tumulto "obrigando os policiais militares a fazerem o uso de munição química para conter a situação". De acordo com a PM, neste momento o grupo dispersou.

    A PM diz ainda que duas pessoas foram detidas, sendo que um deles possuía antecedente criminal por furto. "Os policiais realizaram uma varredura no edifício, que possui oito andares de salas comerciais e encontraram, acuado no último andar, o zelador do prédio", afirma a PM.

    Martha Alves/Folhapress
    PM utiliza bombas de gás vencidas para impedir ocupação de prédio no centro de SP
    Polícia Militar utiliza bombas de gás vencidas para impedir ocupação de prédio no centro de São Paulo

    GÁS LACRIMOGÊNEO VENCIDO

    Das duas cápsulas de gás lacrimogêneo deflagradas pela PM para impedir a ocupação do prédio no centro de São Paulo, em ao menos uma delas é possível ver que o prazo de validade havia expirado.

    A arma não letal pertence ao lote ACL-E fabricado em maio de 2008 e com validade até maio de 2014, produzido pela brasileira Condor Tecnologias Não-Letais. A outra cápsula estava com a embalagem danificada e não era possível ver o lote.

    No ano passado, a PM utilizou por duas vezes armamento não letal com prazo de validade expirado para dispersar pessoas em atos realizado na capital.

    A própria PM informou, na ocasião, que isso não afeta a saúde das pessoas. O risco "seria apenas para o agente de segurança, pois o tempo para o início da queima poderá ser abreviado".

    A cápsula de gás lacrimogêneo obtida pela sãopaulo no protesto de 11 de junho –lote QI-H fabricado em agosto de 2007– tinha validade sugerida pelo fabricante até agosto de 2010.

    A informação estava impressa no corpo do projétil, produzido pela Condor Tecnologias Não-Letais. Nele, ainda seguia o aviso "atenção: oferece perigo se utilizado após o prazo de validade". Durante o protesto na época, imagens de casos iguais circularam nas redes sociais.

    A PM disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a "suposta imagem mostrada por alguns veículos de comunicação aparenta ser, em uma análise preliminar, de uma munição fumígena (produz fumaça apenas)".

    "Se, de fato, constatado o vencimento, o único risco inerente seria o da munição não funcionar. Não existe nenhum perigo à saúde das pessoas. O prazo de validade não altera o princípio ativo da munição. O "perigo" seria apenas para o agente de segurança, pois o tempo para o início da queima poderá ser abreviado", continua. "Cabe salientar que a Polícia Militar obedece as normas técnicas para o uso de munição."

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