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    PP cobra 'dízimo' mensal de funcionário indicado na Cohab em SP

    ARTUR RODRIGUES
    LEANDRO MACHADO
    DE SÃO PAULO

    28/07/2014 02h00

    O Partido Progressista, do deputado federal Paulo Maluf, cobra dízimo via boleto bancário até de servidores da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação) sem ligação com a legenda.

    Maluf controla a área de habitação da prefeitura desde o começo da gestão de Fernando Haddad (PT), o que inclui a companhia responsável pela construção de moradias populares.

    A Folha revelou no domingo (27) que funcionários comissionados, indicados pelo partido, deixam de trabalhar na Cohab e até usam carro oficial para atuar para o PP.

    Enquanto isso, servidores da companhia afirmam que mesmo aqueles que não têm ligação partidária são obrigados a pagar a mensalidade –a Cohab tem mais de 130 cargos de confiança.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A reportagem teve acesso a e-mails, boleto e uma carta enviados pelo PP que mostram a cobrança sistemática do chamado dízimo partidário.

    Em 2005, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) vetou a cobrança obrigatória da contribuição. Mesmo assim, a prática persiste, normalmente em relação aos filiados.

    Na Cohab, os valores variam conforme o salário. Os funcionários dizem que as mensalidades são a partir de R$ 200, mas, em alguns casos, podem chegar perto de R$ 2.000.

    Os boletos da Caixa Econômica Federal são enviados por e-mail já com os nomes dos empregados. Dois dias antes do vencimento, o Diretório Estadual do PP ainda manda outro e-mail, para lembrar os funcionários.

    Servidores reclamam que podem até ser advertidos pela cúpula do PP caso não façam os pagamentos em dia.

    Procurado neste domingo (27), o partido não respondeu aos questionamentos da reportagem. A Cohab não se manifestou sobre o assunto.

    EXPEDIENTE

    A Folha acompanhou desde o último dia 17 o cotidiano de funcionários da Cohab, que foram flagrados trabalhando para o PP durante o horário de expediente.

    Um deles, Fernando Martins Pizo, foi demitido na sexta-feira (25), após questionamentos da reportagem à companhia. Procurado, ele não retornou às ligações.

    A Cohab apura a conduta de outros funcionários.

    A reportagem flagrou outros quatro diversas vezes na sede do partido ou no comitê político do candidato a deputado federal Guilherme Ribeiro, filho do secretário-geral do PP, Jesse Ribeiro.

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