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    Santas Casas do país buscam saídas diferentes para a crise

    FELIPE BÄCHTOLD
    DE PORTO ALEGRE
    ANDRÉ UZÊDA
    DE FORTALEZA

    29/07/2014 07h00

    Em meio à crise generalizada das Santas Casas, duas instituições buscaram saídas diferentes para tentar minimizar as dificuldades financeiras.

    Em Porto Alegre, a gestão do complexo da Santa Casa de Misericórdia é reconhecida nacionalmente e conta com auxílio do empresariado local. Mas, ainda assim, convive com a falta de recursos e o excesso de demanda.

    Segundo a direção, no ano passado o conjunto de hospitais teve um balanço negativo de R$ 38 milhões. O diretor de Relações Institucionais, Julio Dornelles de Matos, afirma que há um subfinanciamento dos atendimentos do SUS. Para cada R$ 100 de custos que o complexo tem com um paciente do Sistema Único, o poder público paga R$ 65, diz.

    "Estamos pressionando os gestores federal e estadual para que venham a responder", afirma.

    Assim como os principais hospitais da capital gaúcha, a Santa Casa enfrenta superlotação neste inverno.

    Desde o fim dos anos 1990, a direção do complexo vem mobilizando empresas para obter recursos para investimentos. O auxílio da iniciativa privada financiou a construção na década passada de dois hospitais dentro do grupo, incluindo um voltado para o atendimento de crianças.

    Matos afirma que o marco da mudança veio com a adesão ao Programa Gaúcho de Qualidade, iniciativa liderada pelo empresário Jorge Gerdau que auxilia empresas e organizações a melhorarem suas ferramentas de gestão.

    A partir de então, a direção buscou ampliar o financiamento. Hoje, cerca de 60% dos pacientes são atendidos via SUS nos hospitais.

    FORTALEZA

    Na Santa Casa de Fortaleza, o equilíbrio financeiro foi alcançado graças às doações que a instituição recebe: cerca de R$ 7 milhões anuais.

    O custo de R$ 47 milhões ao ano é bancado com R$ 30 milhões do SUS e R$ 10 milhões de convênios com o Estado e universidades privadas, segundo o provedor do hospital, Luiz Marques.

    "Só fechamos o balanço por causa das doações, que são debitadas na conta de energia dos benfeitores", diz.

    O problema, afirma Marques, é que sobra pouco dinheiro em caixa para investimentos, o que dificulta a melhoria da infraestrutura.

    Familiares de pacientes internados no local se queixam da falta de itens básicos, como travesseiros.

    "As camas são antigas e em alguns quartos falta até um ventilador", diz a funcionária pública Maria Socorro, 47, cuja irmã foi internada para hemodiálise.

    A dona de casa Rejane Paiva, 36, diz que precisou levar lençol e travesseiro para o marido porque estavam em falta. "Os médicos fazem um bom trabalho, mas falta estrutura para eles", afirma.
    Segundo o provedor do hospital, o "último dinheiro em caixa" foi usado para reformar o laboratório de quimioterapia. "Agora estamos pleiteando junto ao SUS um aumento da verba para reformar os leitos", diz.

    Marques afirma que a Santa Casa de Fortaleza não tem dívidas com fornecedores nem entes públicos (Estado e município). A única dívida não quitada são ações trabalhistas que correm na Justiça, relativas a administrações passadas. Somadas, elas chegam a R$ 40 milhões.

    Além do hospital, localizado no centro de Fortaleza, a Santa Casa mantém um cemitério e um hospital psiquiátrico. Ao todo, 987 funcionários trabalham nas três unidades, com 470 leitos.

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