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    Crianças receberão vacina contra hepatite A pelo SUS a partir deste mês

    JOHANNA NUBLAT
    DE BRASÍLIA

    29/07/2014 12h11

    A rede pública de saúde começou a oferecer, a partir deste mês, a vacina contra a hepatite A para crianças com idade a partir de um ano e menores de dois anos.

    A imunização, em dose única, deve alcançar cerca de 3 milhões de crianças brasileiras todos os anos.

    Até setembro, todos os postos de saúde do país deverão ter a vacina contra a hepatite A disponível de forma contínua, segundo o Ministério da Saúde. Hoje, os centros especializados de vacina do SUS já oferecem essa vacina, mas apenas para casos específicos, como viajantes a países com concentração da doença.

    Doze Estados já começaram a vacinar as crianças neste mês de julho –Acre, Rondônia, Alagoas, Ceará, Maranhão, Piauí, Pernambuco, Distrito Federal, Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul (em Porto Alegre, a vacinação começará em agosto).

    Passarão a ofertar a imunização em agosto outros 12 –Amazonas, Amapá, Tocantins, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Pará.

    Os últimos três –Roraima, São Paulo e Paraná– ofertarão a vacina a partir de setembro.

    ATRASO

    A inclusão da vacina da hepatite A para crianças foi recomendada há dois anos pela Conitec (comissão do ministério que avalia a inclusão de novas tecnologias na rede pública). À época, a pasta disse ter a expectativa de oferecer a vacina ainda em 2013 em duas doses: crianças de 12 meses e de 18 meses.

    Em outubro de 2012, o então ministro Alexandre Padilha (Saúde) anunciou a produção nacional da vacina pelo Butantan, via uma parceria produtiva com o laboratório americano MSD.

    Segundo Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em saúde do ministério, os dois anos entre a recomendação e a oferta de fato se justificaram pela preparação da rede para a inclusão de mais uma vacina e das negociações para a produção nacional da vacina.

    Nesse período, continua o secretário, estudos feitos em países que adotaram a vacina indicaram que pessoas vacinadas com apenas uma dose da vacina apresentaram a mesma imunidade que pessoas imunizadas com duas doses. Assim, a pasta optou por usar apenas uma dose, para facilitar a adesão ao calendário vacinal.

    "A capacidade de proteger é a mesma. Qual é a diferença de fazer duas doses ou uma dose? A gente tem que ter muito cuidado [na inclusão de novas vacinas] porque desafia as outras vacinas [já incluídas]. O calendário com uma vacina só é mais fácil de ser cumprido que um com 14", argumenta Barbosa.

    Renato Kfouri, presidente da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações), diz conhecer uma experiência internacional de utilização de apenas uma dose, ocorrida na Argentina. Segundo ele, por razões financeiras, o país optou por ofertar uma dose da vacina. E teve, continua, resultados positivos até o momento.

    Com essa vacina, o Brasil passa a ofertar todas as vacinas disponíveis e recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde), mesmo em caráter especial (como HPV), afirmou o secretário.

    HEPATITE A

    A vacina é feita com o vírus inativado e é considerada bastante segura pelo Ministério da Saúde.

    Entre 1999 e 2013, o país registrou mais de 151 mil casos de hepatite A –dado considerado subestimado pelo governo. E, entre 1999 e 2012, 761 mortes pelo vírus da hepatite A, que infecta por água e alimentos contaminados.

    Jarbas Barbosa avalia que o Brasil está num período de transição da doença no país, com redução de casos ocorrida após a melhoria das condições sanitárias brasileiras.

    "Quando as condições sanitárias melhoram, as pessoas passam a ter contato com o vírus mais tardiamente. São menos casos, mas cresce o risco de serem casos graves."

    Para o presidente da Sbim, a introdução da vacina é "fundamental" no atual cenário sanitário brasileiro.

    "Quanto mais cedo a gente adquire a hepatite A, mais branda é a doença. A hepatite A não cronifica, diferentemente da B e da C. Quando resolvido o quadro agudo, cura", diz ele. Apesar disso, a doença pode evoluir, em casos raros, para forma grave e aguda da doença.

    Segundo a Saúde, entre 2% a 7% dos casos evoluem para a forma grave da doença.

    COQUELUCHE PARA GRÁVIDAS

    Ainda este ano, o ministério deverá incluir, no calendário vacinal, a oferta da vacina contra a coqueluche para gestantes. A expectativa é que a imunização esteja disponível nos postos de saúde em outubro.

    O objetivo é melhorar a imunidade do recém-nascido, como proteção ao aumento de casos de coqueluche identificada nos últimos anos.

    GRUPO PEDE REMÉDIO CONTRA HEPATITE C

    Aproveitando o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, celebrado nesta segunda-feira (28), um grupo esteve no Ministério da Saúde cobrando a chancela da Anvisa e a oferta, pela rede pública, de duas novas drogas contra a hepatite C –Sofosbuvir e Simeprevir.

    O grupo apresentou ao ministro um abaixo-assinado. A pasta afirmou que analisa os pedidos feitos.

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