Acusados pela polícia de formarem associação para praticar crimes em protestos, Rafael Marques Lusvarghi e Fabio Hideki Harano não se conheciam, segundo familiares, e tiveram trajetória bem diferente até serem presos durante ato na avenida Paulista no dia 23 de junho.

Hideki, segundo a família, tinha perfil pacifista. Para a polícia, ele conhecia "técnicas guerrilheiras" e comandava as depredações.

Estudante da USP, é técnico de laboratório na instituição. Nos protestos, era conhecido como "Japa". Segundo amigos, sempre usava capacete e máscara por proteção.

O irmão dele, Alexandre Harano, afirmou nesta quinta-feira (7) que a liberdade dele "é só parte da luta". "Ainda não acabou, temos muito a conseguir e acho que as mobilizações vão continuar."

Ele diz, porém, que "as pessoas ainda têm muito receio de se manifestar por causa da repressão" da polícia.

Professor de inglês, Lusvarghi contava ter começado a participar de protestos havia três meses, depois que voltou ao Brasil. Apaixonado por assuntos militares, afirmava que na temporada no exterior integrou as Farc, na Colômbia, e Legião Estrangeira, força armada francesa.

Nos protestos ele costumava vestir uma saia escocesa e contava animado que tinha viagem marcada para a Ucrânia, onde pretendia ajudar separatistas pró-Rússia.

Lusvarghi já havia sido detido em 12 de junho, na abertura da Copa, quando foi atingido por balas de borracha.

Mas ele elogiava a ação dos policiais e contava ter integrado a PM no Pará e em São Paulo antes de morar fora do país. Dizia ser fluente em russo e que havia sido demitido da escola onde trabalhava quando souberam que ele faltou para participar de um ato.

A polícia o descreve como um homem de "conhecimento e discernimento intelectual", mas que se comporta de forma desordeira.

	Editoria de Arte/Folhapress