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    Pedófilo deve receber tratamento para a doença, afirma psiquiatra

    RICARDO FELTRIN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    13/08/2014 02h00

    Uma das principais autoridades do mundo em tratamento de distúrbios sexuais, o psiquiatra Danilo Antonio Balteiri defende que pedófilos devem receber tratamento para que eles não cometam novos crimes e sejam reinseridos à sociedade.

    "Nenhum especialista em pedofilia ao redor do mundo é contrário à pena de prisão", afirma. "Somos contrários à falta de abordagem médica e psicossocial especializada para tratar a doença."

    Baltieri, que já tratou gratuitamente de pedófilos menores da extinta Febem –atual Fundação Casa–, falará nesta quinta em uma mesa-redonda sobre crimes sexuais em Santo André.

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    Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida à Folha:

    Folha - A sociedade em geral não vê o pedófilo como um doente, sim como um criminoso pura e simplesmente Já um viciado em drogas ou sexo é tratado como doente. Por que pesos e medidas diferentes para doenças?
    Danilo Antônio Baltieri - A pedofilia é um transtorno mental de difícil diagnóstico e tratamento, sendo, talvez, a doença mais estigmatizada de toda a medicina. Embora muitas vezes o portador da doença tenha plenas habilidades cognitivas para entender o certo e o errado, algumas vezes não tem total capacidade de controlar seus impulsos sexuais desviados. Nenhum especialista em pedofilia do mundo é contrário à pena de prisão; somos contrários à falta de abordagem médica e psicossocial especializada para tratar a doença, melhorar a qualidade de vida do portador, promover sua real reinserção social e reduzir o risco de reincidência.

    Folha - Como tratar criminosos sexuais em meio a preconceito social?
    Baltieri - O papel do médico não é julgar o seu paciente, mas auxiliá-lo no manejo do seu problema e proporcionar a sua recuperação. Se um portador de dependência de cocaína, por exemplo, começa a apresentar comportamentos antissociais, o médico deve estabelecer o tratamento objetivando a recuperação global do seu paciente, inclusive a cessação de comportamentos socialmente lesivos.

    Folha - Como a sociedade pode se defender de criminosos sexuais?
    Baltieri - Seguramente, a medicina tem o seu papel nesta empreitada, mas sozinha não conseguirá este objetivo. O crime requer intervenção multidisciplinar e interdisciplinar. Se o criminoso é portador de um transtorno mental, e este fato está relacionado com a comissão do crime, ele deve receber tratamento adequado não apenas para impedir uma nova atividade nociva, mas também para atingir seu bem estar.

    Folha - Que conselho daria a um criminoso sexual arrependido que quer se entregar?
    Baltieri - Se o indivíduo cometeu um crime, é moralmente defensável que se entregue à Justiça. E, se além disso, for portador de um transtorno mental, deve também procurar um médico especialista. Sob nenhum aspecto, deve haver uma queda de braços entre a ciência médica e o direito. Se isso ocorre, todos são prejudicados, inclusive futuras vítimas de crimes sexuais.

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    MESA REDONDA PROGRAMAÇÃO
    - 13h30 - Os Criminosos Sexuais no Tribunal Valderez Deusdedit Abbud, procuradora do Ministério Público de São Paulo
    - 14h - A Defesa dos Criminosos Sexuais
    Edson Roberto Baptista de Oliveira, advogado criminalista
    - 14h30 - Os Criminosos Sexuais na Mídia
    Renata Almeida de Souza Aranha e Silva, Faculdade de Medicina do ABC
    - 15h - Os Criminosos Sexuais no Consultório Médico
    Danilo Antônio Baltieri, Faculdade de Medicina do ABC

    OS CRIMINOSOS SEXUAIS: CONDENAÇÃO, TRATAMENTO E EXPOSIÇÃO MIDIÁTICA
    quando Quinta-feira (14), a partir das 13h30
    onde Anfiteatro David Uip, prédio do Cepes - Av. Príncipe de Gales, 821, Santo André, SP
    Quanto Inscrições a R$ 10
    mais informações (11) 4993-7226 e (11) 4993-7287 e mail: comunicacao@fmabc.br

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