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    Justiça estipula fiança de R$ 55 mil para motorista que atropelou grupo na USP

    DE SÃO PAULO

    18/08/2014 12h18

    A Justiça permitiu a liberação do motorista que atropelou um grupo de corredores dentro da USP no sábado (16) desde que pague uma fiança estipulada em R$ 55 mil, segundo a polícia. Na manhã desta segunda-feira (18), esse valor ainda não havia sido pago.

    O pedreiro Luiz Antonio Conceição Machado, 43, que matou um corredor deverá responder pela acusação de homicídio doloso (intencional), segundo o Ministério Público.

    Para a promotora Juliana Amélia Gasparetto de Toledo Silva, há provas que indicam ter havido dolo eventual – quando a pessoa assume o risco de matar alguém. Neste domingo (17), ela pediu à Justiça que o seja mantido preso.

    Ele dirigia um Toyota Corolla na Cidade Universitária quando atingiu os corredores na faixa da direita.

    O analista de sistemas Álvaro Teno, 67, morreu. Os outros quatro feridos não correm risco de morte. A única que seguia internada era a médica Eloisa Pires Prado, 43, com fraturas nas pernas.

    O atropelamento foi inicialmente registrado pela polícia como homicídio culposo (sem intenção) –crime cuja pena varia de 3 a 6 anos de detenção e que pode ser cumprida em regime aberto.

    Com a intenção da Promotoria de denunciá-lo como doloso, a pena pode variar de 6 a 20 anos de prisão, se for condenado pelo júri popular.

    A morte reabriu a discussão sobre a utilização da USP por atletas, já que corredores e ciclistas dividem as ruas do campus com veículos. Corredores ouvidos pela Folha dizem temer que a universidade proíba as corridas nas vias.

    A USP diz que há discussões em andamento sobre a prática de esportes na universidade, mas que qualquer decisão só pode ser tomada pelo conselho gestor do campus.

    No sábado (16), o delegado Mário Bortoleto Torina prendeu Machado em flagrante e o indiciou sob suspeita de homicídio culposo (sem intenção), lesão corporal culposa e embriaguez ao volante. O teste do bafômetro apontou que Machado ingeriu álcool.

    Segundo a promotora, além disso, outra prova que justifica o dolo eventual é o relato de testemunhas que disseram que o motorista dirigia em alta velocidade e tentou fugir do local do acidente sem prestar socorro.

    "Assim agindo, em princípio, o indiciado revelou conduzir o veículo com dolo eventual, assumindo o risco de matar aqueles corredores que, rotineiramente, praticam seu esporte dentro da Cidade Universitária", disse.

    A Folha não conseguiu localizar defensores de Machado –a polícia disse que ele ainda não tinha advogado.

    A promotora pediu a conversão da prisão de flagrante para preventiva para que ele fosse mantido na cadeia durante o inquérito policial.

    Segundo ela, a prisão é necessária porque o acidente causou "comoção social".

    A promotora disse que o motorista agiu "com indiferença à tragédia". "E, ainda, desprezo pela vida das vítimas, posto que tentou escapar dando marcha ré, mas foi impedido por pedestres e ciclistas que estavam no local."

    Teno, que corria na USP havia 30 anos, foi enterrado na tarde de domingo no cemitério do Araçá sob homenagens de amigos. Sua filha carregava uma caricatura do idoso numa corrida.

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