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    Vítimas de abuso de Abdelmassih falam em 'justiça feita'

    GIBA BERGAMIM
    VANESSA CORREA
    DE SÃO PAULO

    19/08/2014 21h24

    Para mulheres que relataram terem sido abusadas por Roger Abdelmassih, a captura do ex-médico nesta terça-feira (19), no Paraguai, é um sinal de "justiça".

    "Quero que ele viva muito para ficar na cadeia e cumprir a pena dele", diz a empresária Ivanilde Serebrenic, 47. Ela conta que procurou a clínica de reprodução do médico em 1999 e que sofreu abusos apor ser sedada. "Ele me tocou e consumou o ato sexual. Aproveitava que estávamos sedadas", relata.

    Após o fracasso do tratamento, Ivanilde procurou outra clínica, onde conseguiu engravidar de trigêmeos.

    Teresa Cordioli, 63, primeira vítima conhecida do condenado, também diz que o sentimento é de "justiça feita". "Não consigo sentir alegria, porque eu sofri demais."

    Teresa afirma que, aos 17 anos, foi molestada por Abdelmassih quando estava internada em Campinas (a 98 km de São Paulo) para tratar de um problema nos rins.

    "Ele tentou me estuprar diversas vezes, me ameaçando de morte. Eu estava na mão dele", diz Teresa. "Ele tem mania de falar que as mulheres estavam anestesiadas, mas eu não estava."

    Em sua defesa, o ex-médico já declarou que algumas mulheres podem ter sofrido alucinações com o anestésico usado na fertilização.

    Na época do abuso, Teresa não denunciou Abdelmassih. "Se contasse, eu tinha medo que meus pais pudessem cometer um crime, ou que ele poderia me matar. Fugi do hospital", afirma.
    fraude

    Editoria de Arte/Folhapress

    Abdelmassih também foi acusado de gerar bebês com espermatozoides de outros homens e de vender óvulos de outras mulheres a pacientes que queriam engravidar.

    A professora Nelma Luz, 50, diz não ter sido vítima de abuso sexual, mas de erro médico. Procurou a clínica de Abdelmassih aos 44 anos, pois queria ter uma criança saudável mesmo com a idade avançada, o que aumenta o risco de problemas.

    Ela diz ter insistido para que o então médico fizesse exames genéticos no embrião implantado, mas que ele se negou e disse que ela "tinha um organismo maravilhoso".

    Seu filho, Guilherme, nasceu com uma doença genética conhecida como síndrome de Edwards, que poderia ter sido detectada pelos testes. "Ele nasceu, padeceu todos os dias da vida dele e faleceu aos três meses", conta.

    Agora, com a prisão, ela diz esperar que outros funcionários da clínica, como o médico que passou a acompanhá-la após as primeiras consultas, sejam investigados.

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