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    'Eu não saía de casa sem peruca', afirma Roger Abdelmassih em rádio

    DE SÃO PAULO

    20/08/2014 19h58

    O ex-médico Roger Abdelmassih afirmou nesta quarta (20) que vivia disfarçado, de peruca e óculos, enquanto esteve foragido no Paraguai. As declarações foram obtidas pela Rádio Estadão.

    Ele afirma ter sido identificado por uma pessoa de uma igreja, após a publicação do rosto de sua mulher, Larissa Sacco, na revista "Veja".

    "Quem me pegou foi o rapaz da Polícia Federal. Diz ele ter informação até da igreja, de uma 'cliente' da igreja que me viu. Mas principalmente depois da 'Veja', que estampa muito o rosto da Larissa", disse, em conversas com policiais e o repórter da rádio.

    "Eu usava peruca. Eu não saía de casa sem a peruca. Com óculos, ficava diferente do que eu era. E ela saiu muito na 'Veja'", completou.

    Abdelmassih afirmou que foi a mulher quem teve a ideia da fuga, após a ordem de prisão dele ser expedida pela Justiça. "Daí o Márcio [Thomaz Bastos, advogado dele] falou: 'Eu acho melhor se entregar'. Minha mulher falou: 'Não, vamos embora'", relatou o ex-médico.

    Abdelmassih teve a prisão decretada em janeiro de 2011 após ter solicitado a renovação do passaporte –para a polícia, esse foi um indício de que pretendia fugir.

    PASSAPORTE

    "Acharam que fosse fugir, eu não ia. Eu ia passear", disse. "Sabe por que fui tirar o passaporte? Porque o meu passaporte ainda levava dois meses para vencer. E o Juca [José Luis Oliveira Lima, advogado criminalista] falou assim: 'Tem lugar que você não vai conseguir usar passaporte com dois meses'."

    Ele disse ter consultado o advogado Thomaz Bastos a respeito do pedido de passaporte –ele teria respondido para ele ir "logo" tirar o documento na Polícia Federal.

    "Quando fui buscar, a juíza mandou eu entregar. Tá bom. Aí, os advogados começaram a ver o que queriam: 'É, pode dar prisão'", disse.

    O ex-médico afirmou que uma juíza que estava no caso teria ainda dito a um de seus advogados para que ele ficasse "tranquilo", que não seria preso. "Então, tá. Falei: 'Vamos para Avaré'. Eu estava livre, eu estava solto. Aí, pum, avisaram [sobre a prisão] para mim", disse.

    Em Avaré, foram achadas provas que ajudariam posteriormente na localização do especialista em reprodução.

    Em Assunção, Abdelmassih teve filhos gêmeos. "As crianças nasceram lá, as crianças são paraguaias."

    CASA

    Na capital do país vizinho, ele conta que alugou uma casa de alto padrão.

    "Tudo lá é mais barato. Uma bela casa, tinha jardim e tudo, uma casa daquela aqui custaria no mínimo uns U$ 8.000. Lá era U$ 1800. Uma casa três quartos, quatro quartos", afirmou.

    O imóvel não foi alugado no nome dele. "Aluguei primeiro no nome de uma firma que eu estava fazendo com um amigo", disse.

    A rádio afirma que Abdelmassih relatou ter a mesma doença cardíaca do ex-presidente do PT, José Genoino, que foi condenado a quatro anos e oito meses de prisão pelo crime de corrupção no processo do mensalão.

    O estado de saúde foi a justificativa do petista para pedir transferência para o regime de prisão domiciliar.

    O CASO

    O caso foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do médico, e revelado pela Folha em janeiro de 2009. Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos bem-sucedidas profissionalmente disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica de Abdelmassih.

    As mulheres dizem ter sido surpreendidas por investidas do especialista quando estavam sozinhas –sem o marido e sem enfermeira presente (os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.

    Formalmente, Abdelmassih foi acusado de estupro contra 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele. Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico afirma que foi atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos".

    Abdelmassih também já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol.

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