• Cotidiano

    Wednesday, 01-May-2024 04:16:57 -03

    Ato na zona oeste presta homenagem a corredor atropelado na USP

    DE SÃO PAULO

    23/08/2014 09h33

    Às 8h deste sábado (23), um grupo de cerca de 200 pessoas vestidas de preto partiu do clube Paineiras, no Morumbi (zona oeste de São Paulo), e seguiu rumo ao campus da USP, no Butantã em manifestação que homenageia o analista de sistemas Álvaro Teno, 67, que morreu no último sábado (16) após ser atropelado dentro da área da universidade.

    O trajeto da "Black Run - Respeito ao Atleta de Rua", percorrido em forma acelerada ao estilo maratona, durou uma hora. Em vez de números, como é de praxe nas provas dessa modalidade, as camisetas exibiam a palavra "Luto".

    Ao chegarem à praça do Relógio, o grupo foi aumentado por pessoas que já se encontravam ali, inclusive familiares de Teno, ciclistas e atletas da USP e do Paineiras. No local, realizaram uma oração e salva de palmas.

    "A USP não tem nada a ver com o fato de que o acidente foi lá. É uma coincidência", disse Ricardo Aires, 44, empresário, atleta e um dos organizadores do ato. "Este é um ato para pedir respeito ao atleta de rua que corre, anda de patins, de bicicleta, de skate...", completa.

    "Espero que a morte do meu marido não tenha sido à toa. Que sirva como alerta para que se respeite os atletas", pediu Marlene Íris Martins Teno, 64, viúva do atleta. "A única coisa que me conforta é saber que ele [o assassino] está na cadeia. Quando me disseram que ele não sairia com fiança foi um alívio. Uma pessoa que mata assim tem de ficar presa", desabafou.

    Por volta das 9h10, os manifestantes começaram o caminho inverso, agora rumo ao clube onde Teno treinava. Nesse retorno, passarão pelo local do acidente.

    Giba Bergamim Jr./ Folhapress
    Motorista atropela cinco corredores dentro da USP; Alvaro Teno, 67, não resistiu aos ferimentos e morreu
    Motorista atropela cinco corredores dentro da USP; Alvaro Teno, 67, não resistiu aos ferimentos e morreu

    O ACIDENTE

    Além do analista de sistemas, quatro pessoas foram atropeladas pelo pedreiro Luiz Antônio Machado, 43, na manhã do último sábado (16). As outras vítimas não correram risco de morte.

    O motorista, que dirigia um Toyota Corolla prata, foi preso em flagrante. Inicialmente ele foi indiciado sob a suspeita de homicídio culposo (sem intenção de matar), lesão corporal culposa e embriaguez ao volante. O teste do bafômetro apontou que Machado ingeriu álcool.

    A Justiça chegou a determinar a soltura de Machado mediante pagamento de fiança de R$ 55 mil. Na segunda-feira (18), a juíza Juliana Amélia Gasparetto aceitou os argumentos do Ministério Público de que há indícios de homicídio doloso (com intenção) e determinou a prisão por tempo indeterminado. Para Gasparetto, a descrição das testemunhas "causou alarde público e sofrimento às vítimas".

    Testemunhas relataram que Machado dirigia em alta velocidade –no entanto, somente a perícia indicará se ele estava acima do limite permitido.

    A morte reabriu a discussão sobre a utilização da USP por atletas, já que corredores e ciclistas dividem as ruas do campus com veículos. Corredores ouvidos pela Folha dizem temer que a universidade proíba as corridas nas vias.

    A promotora disse que o motorista agiu "com indiferença à tragédia". "E, ainda, desprezo pela vida das vítimas, posto que tentou escapar dando marcha ré, mas foi impedido por pedestres e ciclistas que estavam no local."

    Teno, que corria na USP havia 30 anos, foi enterrado na tarde de domingo (17) no cemitério do Araçá (zona oeste) sob homenagens de amigos. Sua filha carregava uma caricatura do idoso numa corrida.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024