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    Violência em rebelião no PR foi 'incontrolável e preocupante', diz diretor

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    26/08/2014 12h15

    Responsável pela gestão dos presídios do Paraná, o diretor do Depen (Departamento Penitenciário do Estado), Cezinando Paredes, disse à Folha que a violência com que agiram os detentos rebelados em Cascavel (oeste do Estado) foi "incontrolável e preocupante".

    A rebelião na penitenciária da cidade durou quase dois dias e deixou cinco presos mortos, sendo dois decapitados. Outros 25 ficaram feridos –oito deles ainda seguem internados.

    "Foi uma situação de grande preocupação. O perfil dos rebelados era de grande violência, não só contra eles próprios, mas contra os funcionários, o patrimônio", comentou Paredes. "Eles destruíram tudo: as próprias televisões, salas de aula, lavanderias."

    A Penitenciária Estadual de Cascavel abrigava 1.038 presos, e tinha capacidade para 1.116. A maioria estava detida por crimes relacionados ao tráfico de drogas, homicídios e roubos.

    Após a rebelião, apenas 200 detentos permanecem no local –os demais foram transferidos para outras penitenciárias.

    O diretor do Depen afirma que o órgão ainda está tentando verificar o que motivou a rebelião, já que não houve um estopim evidente. Os presos reclamaram da qualidade da comida, da estrutura do presídio, da violência de funcionários e da falta de assistência judicial.

    "Eles não sabiam o que queriam, não tinham uma liderança. Eu entendo que as reclamações que nos foram apresentadas não justificam essa violência."

    Paredes defende a estrutura da penitenciária, embora reconheça que há um deficit de funcionários. No momento da rebelião, cerca de dez agentes penitenciários estavam no local.

    "Temos carência dentro das unidades, mas temos condições de supri-la. Foi feito um concurso para novos agentes, e já estão em andamento os trâmites para contratação", afirmou.

    MEDIDAS

    A Secretaria Estadual de Justiça solicitou aos juízes de Cascavel que façam um mutirão carcerário emergencial para verificar a situação dos presos.

    Um levantamento prévio da pasta indica que pelo menos 256 deles têm direito à progressão de pena –ou seja, podem migrar para os regimes semiaberto ou aberto.

    Advogados da Defensoria Pública do Paraná, criada no ano passado, estão em Cascavel para ajudar no mutirão.

    A secretaria também avalia a possibilidade de reforçar estruturas e automatizar processos das penitenciárias, para evitar novas rebeliões. Os novos presídios em construção no Paraná já são mais compactos, com no máximo 380 vagas, justamente para diminuir o risco à segurança.

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