O governo Geraldo Alckmin (PSDB) pediu empréstimo de mais R$ 1,7 bilhão ao BNDES, banco de investimento federal, para terminar a expansão da linha 5-lilás do metrô de São Paulo.
A obra está atrasada e é investigada pela suspeita de formação de cartel de empreiteiras. Com 11,5 km, ela vai passar por bairros como Moema, Ibirapuera e Vila Mariana.
Além do atraso, o valor final do empreendimento, incluindo obras, trens e sistemas, ficará bem acima da estimativa inicial do governo.
Um projeto de lei do Executivo, enviado à Assembleia Legislativa em 2009 para pedir autorização para os primeiros empréstimos, apontou custo total de R$ 4,4 bilhões e prazo de conclusão em março de 2012.
Agora, um novo projeto, enviado à Assembleia no último dia 15 para obter aprovação do novo empréstimo, aponta valor de R$ 6,9 bilhões –aumento de 57%– e entrega para outubro de 2016.
O novo financiamento, se confirmado, será o terceiro feito para a expansão da linha. Segundo o texto, os outros dois empréstimos, de R$ 2,7 bilhões, "praticamente se esgotam neste ano".
O banco federal informou que o novo pedido está sendo analisado. Caso seja aprovado, a participação do BNDES no custo total da obra chegará a 62%, ante os 17% previstos inicialmente.
Segundo o Metrô, o objetivo dos empréstimos é desonerar o Tesouro do Estado.
A ajuda federal, porém, é na forma de empréstimos, que terão que ser pagos. O PSDB sempre criticou o governo do PT por não investir no transporte paulista com repasses a fundo perdido.
A linha 5 também tem financiamentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento e do Banco Mundial.
A gestão Alckmin diz que não houve aumento no custo da obra. O valor do projeto de lei de 2009, segundo o governo, era uma estimativa inicial, feita dois anos antes e sem estudos detalhados.
"Esta prática é comumente utilizada em empreendimentos que necessitam de financiamentos externos", afirmou o Metrô, em nota.
A companhia diz que, na licitação, em 2010, a estimativa já havia sido atualizada para os R$ 6,9 bilhões.
Sobre o atraso, a empresa sustenta que "fatores imprevistos foram responsáveis pelo prolongamento da obra".
Entre eles, problemas ambientais e arqueológicos, desapropriações e paralisações determinadas pela Justiça.
Em 2010, a Folha revelou que os vencedores da licitação eram conhecidos seis meses antes da divulgação oficial. Catorze executivos de empresas respondem a ação penal na Justiça.