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    Crise da água

    Metade do esgoto de SP vai sem tratamento para os rios, aponta estudo

    HELOISA BRENHA
    DE SÃO PAULO

    28/08/2014 02h00

    Cerca de metade da água que escorre pelos ralos da maior cidade do país ainda chega na forma de esgoto sem tratamento para rios, córregos e represas de São Paulo.

    O índice, de 48%, consta de estudo da ONG Trata Brasil divulgado nesta quarta (27), que analisa dados oficiais dos 100 maiores municípios do país de 2008 a 2012 –amostra que inclui todas as capitais, exceto Palmas (TO).

    Com 52% do volume tratado, a capital paulista está longe do percentual que se considera para um serviço universalizado, de 86%, segundo a pesquisa.

    Editoria de Arte/Folhapress

    O índice paulistano é maior do que a média das 100 cidades (41,3%) e menor do que o de capitais como Curitiba (88%), Salvador (83%) e Belo Horizonte (64%).

    Especialistas consideram o percentual baixo, pois o volume de esgoto despejado sem tratamento traz prejuízos ambientais e limita as fontes de água da capital, que desde o início do ano enfrenta severa crise hídrica.

    Eles afirmam que a poluição não só inviabiliza o uso dos rios Pinheiros e Tietê para abastecimento, mas também restringe a captação da represa Billings a pontos onde a água é mais limpa.

    "É um tiro no pé. Estamos poluindo os mananciais de que precisamos para captar água", diz o presidente do Trata Brasil, Édison Carlos.

    De acordo com o professor Ivanildo Hespanhol, da Poli-USP, o tratamento do esgoto poderia "reciclá-lo" para uso em processos que dispensam água potável. "As estações de tratamento poderiam ser equipadas para produzir água de reúso, que pode servir à indústria e à limpeza, por exemplo."

    OUTRO LADO

    A Sabesp diz que utiliza metodologia diferente da do levantamento e que trata 75% do esgoto coletado na capital.

    Segundo a empresa, o cálculo da pesquisa "leva em conta regiões não atendíveis" pela companhia, como favelas e áreas de mananciais.

    O estudo, porém, baseia-se em dados de esgoto coletado e tratado fornecidos pela própria Sabesp ao Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do governo federal.

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